Marco Antonio Villa dá adeus ao PT e eu digo: Amém!
Excelente a coluna do historiador Marco Antonio Villa no GLOBO hoje. Faz um breve resumo da trajetória petista no avanço sobre a máquina estatal, mostrando as diferentes etapas em que o PT comprou tudo e todos (ou quase todos), inclusive “atriz mais conhecida como garota-propaganda de banco público do que pelo seu trabalho artístico”, e depois lança seu prognóstico: os ventos mudaram de direção. Diz ele:
Mas tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo. O cenário não tem nenhum paralelo com 2006 ou 2010. O desenho da eleição tende à polarização. E isto, infelizmente, poderá levar à ocorrência de choques e até de atos de violência. O Tribunal Superior Eleitoral deverá ser muito acionado pelos partidos. E aí mora mais um problema: quem vai presidir as eleições é o ministro Dias Toffoli – como é sabido, de origem petista, foi advogado do partido e assessor do sentenciado José Dirceu.
Assumindo que a oposição consiga passar por todos esses obstáculos, que não são poucos, resta a pergunta: será possível governar com a máquina estatal toda tomada pelos cupins petistas? O PT antigo já era uma oposição ferrenha e muitas vezes irresponsável, ignorando os interesses públicos em prol do combate político. Imagina com tantos representantes pendurados em cargos públicos agora. Villa diz:
Se a oposição conseguir enfrentar e vencer todas estas barreiras, não vai ter tarefa fácil quando assumir o governo e encontrar uma máquina estatal sob controle do partido derrotado nas urnas. As dezenas de milhares de militantes vão — se necessário — criar todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros. Aí — e como o Brasil é um país dos paradoxos — será indispensável ao novo governo a utilização dos DAS (cargos em comissão). Sem eles, não conseguirá governar e frustrará os eleitores.
Será algo interessante de se ver. Como lembra Villa, o PT goza de um centralismo absurdo, sendo uma espécie de “leninismo tropical”. Vão esses petistas aceitar sair do estado além do governo? Haverá a ordem de cima para “sabotar” o novo governo, sob os falsos slogans de “preservar as conquistas sociais” e “impedir o retorno ao neoliberalismo”? Não sabemos ainda, e antes é preciso derrotar o PT nas urnas, a despeito de todo o abuso da máquina estatal nas eleições. Mas Villa tem uma visão otimista:
A derrota na eleição presidencial não só vai implodir o bloco político criado no início de 2006, como poderá também levar a um racha no PT. Afinal, o papel de Lula como guia genial sempre esteve ligado às vitórias eleitorais e ao controle do aparelho de Estado. Não tendo nem um, nem outro, sua liderança vai ser questionada. As imposições de “postes”, sempre aceitas obedientemente, serão criticadas. Muitos dos preteridos irão se manifestar, assim como serão recordadas as desastrosas alianças regionais impostas contra a vontade das lideranças locais. E o adeus ao PT também poderá ser o adeus a Lula.
Apesar de historiador ser melhor em analisar o passado do que fazer previsões do futuro, só me resta dizer: Amém!
Rodrigo Constantino
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