domingo, 29 de junho de 2014

DE BRAÇOS ABERTOS PARA O INFERNO

Pergunto, as câmeras foram colocadas na cracolândia para monitorar os escravos do vício, a fim de reprimir ou punir quem fosse flagrado nas imagens praticando crimes, ou servem apenas para patrulhar os policiais e impedir que perturbem os "meninos"?





Haddad viabiliza o uso de drogas na “cracolândia” e deve ser processado por improbidade administrativa


Tudo errado – Prega a Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, mas não é essa não é a regra que vale no Brasil, onde alguns são mais iguais que os outros. Mais um fato inaceitável surgiu para explicar esse descalabro.

Na quinta-feira (26), o príncipe Harry, da Grã-Bretanha, esteve na cidade de São Paulo e visitou o programa “De Braços Abertos”, da prefeitura paulistana, que dá aos viciados em crack moradia supostamente digna e trabalho, sem a necessidade de se submeterem a tratamento contra o vício. Ou seja, Fernando Haddad, que criou o tal programa, acredita que dando aos viciados um local para dormir, três refeições diárias e dinheiro para comprar a crack é suficiente para acabar com o problema que vem devastando a cidade.

Como sabem os brasileiros, a região conhecida como “cracolândia”, no centro da capital paulista, é a vitrine da degradação, sem que as autoridades tomem alguma medida efetiva para acabar com o tráfico e o consumo de drogas no local. O tratamento de um dependente químico passa obrigatoriamente por processos de desintoxicação e sessões psiquiátricas, dentre outras.

Para receber o príncipe britânico, as ruas da “cracolândia” foram lavadas, o lixo foi retirado e os viciados se aprumaram para receber o representante do Reino Unido. Por questões óbvias, os traficantes foram convidados a se retirar, mas após a saída do membro da realeza britânica os marginais retomaram seus negócios. Em suma, a região passou por uma oficial e mentirosa maquiagem, para mostrar a Harry que no Brasil funciona a expressão “para inglês ver”.

Pois bem, no momento em que Haddad e seu secretariado proporcionam aos dependentes uma maneira de obter dinheiro, por meio de trabalho, sem ao menos exigir uma contrapartida (tratamento), o que a municipalidade está a fazer é fomentar a venda de drogas na “cracolândia”. A questão é simples e merece atenção. No programa “De Braços Abertos” há o emprego de dinheiro público, sem que o aludido objetivo do projeto esteja sendo alcançado (a recuperação do dependente). Como a grande maioria dos viciados acaba usando o dinheiro (R$ 15 por dia) conseguido através da varrição de ruas na compra de drogas, fato que é de conhecimento das autoridades municipais, cabe no caso em questão um processo por improbidade administrativa.

Fazemos um paralelo para ilustrar a situação. O pagodeiro Belo acabou na cadeia porque em telefonema dado a um traficante carioca teria encomendado arma de fogo. A polícia fluminense chegou a essa conclusão a partir de trecho da conversa em que o músico fala em comprar “tecido fino” (cocaína) e um “tênis” (fuzil AR-15). O pagodeiro não falou de forma explícita que desejava adquirir cocaína e arma de fogo, mas a polícia entendeu que esse era seu objetivo. Belo sabia que o interlocutor era traficante e que sua conversa nada tinha de inocente, por isso sucumbiu à acusação de associação ao tráfico, que lhe rendeu seis anos de prisão.

Fernando Haddad e seus sequazes na administração da maior cidade brasileira sabem o que se passa na “cracolândia” e qual é o destino dado ao dinheiro público empregado no programa “De Braços Abertos”. Por isso deveriam ser responsabilizados de alguma forma, impossível em um país pouco sério e com autoridades nem sempre dispostas ao cumprimento do papel que lhes cabem.

Vale lembrar que recentemente o prefeito Fernando Haddad fez um escândalo midiático por conta da incursão de policiais do Denarc na “cracolândia”, alegando que a ação atrapalhou o programa municipal de recuperação (sic) de drogados. Ao final da operação descobriu-se que envolvido no tráfico de drogas estava um servidor da prefeitura de São Paulo.

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