O ministro intervencionista de Luíz XIV, Colbert, teria reunido um grupo de comerciantes e perguntado o que mais o governo poderia fazer para ajudá-los, quando um deles diz: saia da frente! A história, verdadeira ou não, está na origem da expressão “laissez-faire”, que simboliza a defesa do liberalismo econômico.
Isso veio à mente ao ler a notícia de que o empresário Abílio Diniz pediu para o governo parar de atrapalhar as empresas. Vindo de quem vem, o pedido fica ainda mais interessante, pois Abílio foi um grande entusiasta do governo Dilma no começo. Sua ficha já vinha caindo, entretanto, e ele recusara convite informal para ser ministro do Desenvolvimento. Agora, pelo visto, o desapontamento é total:
Em meio às comemorações de 70 anos da Sadia, o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, disse que o governo tem que parar de atrapalhar as empresas.
“Só esperamos que o governo não atrapalhe. O que precisamos é de regras claras e sem mudanças no meio do jogo”, disse, ao criticar medida provisória 627, convertida na lei 12.973.
A MP altera a maneira como as companhias com produção no exterior são tributadas. Segundo o texto, toda empresa brasileira que produza fora do país precisa aferir o lucro por meio de uma subsidiária nacional, e ser tributada internamente.
Isso significa que o lucro externo será tributado pelas regras brasileiras, cujo Imposto de Renda pode chegar a 34% do lucro bruto.
“Essa MP está ameaçando os investimentos que fizemos no Oriente Médio”, afirmou Luiz Fernando Furlan, membro do conselho da BRF, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão.
Abílio ainda teria se irritado com a ajuda especial que o grupo JBS tem recebido, inclusive para compras no exterior. ”A BRF é muito forte, muito estruturada, e com pouca participação do governo. Sou contra qualquer ajuda do governo”, afirmou. E merece aplausos por isso.
De fato, o governo muito ajuda quando não atrapalha. Eis uma mensagem que ainda precisa conquistar muito mais adeptos no Brasil, país cuja mentalidade predominante ainda deposita uma confiança ingênua e absurda no estado como locomotiva do progresso. Sai da frente, governo! Sai da frente, PT!
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