Oposição tem que levantar, sacudir a poeira, dar a volta por cima e apontar o que foi prometido e não foi entregue como legado da Copa mais cara do mundo.
Coturno
É muito simples. O que ocorreu dentro do campo não é culpa de Dilma Rousseff. É culpa da falência do futebol brasileiro. Apenas o pior jogador atua no Brasil, o resto está na Europa, porque aqui não há organização para reter os talentos que brotam todos os dias das escolinhas e dos campos da várzea, fazendo curtas escalas nos clubes da primeira divisão antes de ir até mesmo para o Cazaquistão.
Sim, Dilma tentou roubar o momentâneo sucesso da seleção, de forma desavergonhada. Nunca na história deste país se viu tamanho oportunismo eleitoreiro. Assim como tentou afanar a alegria, a hospitalidade e o espírito dos brasileiros, que deram show de civilidade e amizade nas fan fests, nas arquibancadas e nas ruas das cidades-sede. Seleção dentro do campo e torcida fora do campo nunca foram méritos dos estelionatários do PT e do governo. Não têm nada a ver com a organização da Copa do Mundo que, sim, deixou tudo a desejar.
É hora, sim, de fazer Dilma sangrar. Dilma e o PT. E sem cair na conversa de que esta derrota acachapante não terá influência nas eleições. Não terá se a Oposição não fizer a sua parte. Se a Oposição não chamar o país e informar que, antes, não podia fazer as cobranças que agora faz para não atrapalhar os compromissos assumidos pelo país na organização da Copa. A imagem do Brasil estava acima da política. A pátria, com ou sem chuteiras, precisava estar unida e a Oposição calou para não comprometer o espetáculo esportivo. Mas a partir da próxima segunda-feira, dia 14 de julho de 2014, a Oposição tem a obrigação de pedir uma auditoria da Copa do Mundo.
A Copa das Copas, criada pelo marketing do governo, acabou dentro do campo de jogo e recém começou no campo político. Cada metro de rua, cada quilo de cimento, cada centavo dos R$ 30 bilhões tem que ser explicado para o povo brasileiro, que vai pagar esta conta. Cada obra que não foi realizada e quando foi o foi por um custo superfaturado como o estádio de Brasília tem que ser explicada ao contribuinte. Cada mentira sobre os ganhos econômicos prometidos, diante de um quadro de PIB a 1% e inflação a 6,5% tem que ser desmascarado. Que a Oposição não se encolha diante das patrulhas de sempre, como o fez no escândalo do Mensalão, quando deveria ter pedido o impeachament de Lula, em vez de "deixá-lo sangrar".
Segundo o antropólogo e escritor Roberto da Matta, em matéria publicada hoje pela BBC BRasil, o placar de 7 a 1 para a Alemanha vai afetar a autoestima dos brasileiros, tão ligada ao futebol, e transbordar para outras áreas. "O futebol nos deu, sim, autoestima, mas não podemos reduzir o Brasil a isso. Essa derrota vai fazer o Brasil acordar e ter lucidez para lidar com seus problemas, em termos de segurança, saúde e especialmente no mundo da política, já que a eleição está aí", disse.
O antropólogo diz lamentar a derrota do Brasil, mas vê uma compensação no fato de que ela vai abrir os olhos de muita gente. "Não sabemos ainda como, mas que vai haver um transbordamento para outras áreas, isso vai."
Para DaMatta, a frustração e como lidar com ela é algo importante para o brasileiro e isso pode impulsioná-lo a ter uma visão diferente, com mais nitidez, das mazelas nacionais. E essa mudança ganha mais peso diante do placar dramático. "É preciso ter em mente que 7 a 1 é mais que uma simples derrota, é uma demonstração clara de que estávamos vivendo uma ilusão", disse DaMatta.
O antropólogo acredita que o golpe na autoestima do brasileiro com o jogo desta terça-feira terá reflexos nas próximas semanas, até a eleição, e também depois disso, até os jogos de 2016. "A Olimpíada está aí e, com essa derrota, será preciso lidar com as questões nacionais, porque ela vai colocar o país em xeque de uma maneira brutal, especialmente na área da política pública."
Portanto, que a Oposição siga o que Dilma Rousseff aconselhou no twitter, afanando outro ícone brasileiro, o samba "Volta por Cima", de Paulo Vanzolini. Para o Brasil dar a volta por cima é preciso passar a limpo a Copa das Copas, que no que dependeu do governo petista foi um verdadeiro estelionato contra 200 milhões de brasileiros.
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