terça-feira, 29 de julho de 2014

OPERAÇÃO PARA ABAFAR PARTICIPAÇÃO DE DILMA NO ESCÂNDALO DE PASADENA


Ministro da Justiça tentou adiar votação do TCU sobre Pasadena

Sem que estivesse previsto, ele integrou reunião entre o advogado-geral da União e presidente da corte um dia antes da votação, informa jornal


VISITA AO TCU - Cardozo, à qual a PF é subordinada, quis interferir em votação sobre PasadenaVISITA AO TCU - Cardozo, à qual a PF é subordinada, quis interferir em votação sobre Pasadena (Diego Vara/RBS/Ag. O Globo)

A ofensiva de petistas e governistas que antecedeu o julgamento, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), do caso Pasadena contou com a participação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - pasta à qual é subordinada a Polícia Federal, que também apura o caso, mas em inquérito criminal. Segundo reportagem desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo, Cardozo acompanhou o advogado-geral da União, Luis Adams, em audiência com o presidente do TCU, Augusto Nardes, um dia antes da votação em plenário sobre o caso. A dupla pediu a Nardes que adiasse a votação, pedido ignorado pelo relator do processo, ministro José Múcio. Adams alegou que precisava de mais prazo para defender a Petrobras. A meta dos petistas era empurrar a decisão do colegiado para depois da eleição de outubro.
A visita do ministro da Justiça ao TCU não estava prevista. Ouvida pelo jornal, a assessoria de Cardozo alega que cabe ao ministro “acompanhar regularmente todos os casos que dizem respeito a atividades ordinárias da pasta — o que justifica a atuação junto aos órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário por meio do titular da pasta, secretários e diretores”. A nota não explica, contudo, porque o pedido de adiamento de um julgamento do TCU seria atividade ordinária de sua pasta. Já a AGU argumenta que o advogado-geral pode, por lei acompanhar processos que digam respeito a estatais, inclusive no TCU. No caso de Pasadena, a AGU ingressou no processo como parte interessada em maio.
A ofensiva não se deu apenas nessa ocasião. Como informou o colunista de VEJA Reinaldo Azevedo em seu blog, o ex-presidente Lula encontrou-se dias antes do julgamento com José Múcio, seu ex-ministro das Relações Institucionais, para uma conversa em São Paulo. Chegou a acenar com uma vaga no Supremo Tribunal Federal na tentativa de impedir a votação do relatório.
Em 23 de julho, por unanimidade, o plenário do TCU aprovou a indisponibilidade de bens de ex-diretores da Petrobras que participaram do processo de compra da refinaria de Pasadena. Os ministros chegaram à conclusão de que a Petrobras teve prejuízo de 792 milhões de dólares na malfadada operação de compra da refinaria nos Estados Unidos.
Ao analisar o caso, os ministros determinaram que o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, os ex-diretores da Área Internacional, Nestor Cerveró, e de Refino e Abastecimento, Paulo Roberto Costa, tenham os bens indisponibilizados para futura reparação aos cofres públicos, mas isentaram de responsabilidades a presidente Dilma Rousseff e os demais integrantes do Conselho de Administração da empresa na época do negócio. 

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