CPI da Petrobras: oposição quer apurar elo Youssef-Valério
Parlamentares querem convocar o empresário do ABC para que explique por que um contrato de empréstimo entre eles e o operador do mensalão foi encontrado com a contadora do doleiro
VEJA
A oposição vai convocar o empresário do ABC paulista Ronan Maria Pinto e os sócios da Remar Agenciamento e Assessoria para que expliquem na CPI da Petrobras por que um contrato de empréstimo entre eles e o operador do mensalão, Marcos Valério, estava no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef, investigado pela comissão. A existência do documento foi revelada na edição deste sábado do jornal O Estado de S. Paulo.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que a contadora de Youssef, Meire Poza, também será questionada pela CPI sobre o contrato encontrado em seu escritório. O requerimento de convocação da contadora deve ser votado na próxima reunião da CPI. Youssef está preso, acusado de comandar um esquema de corrupção envolvendo contratos com a Petrobras. O documento revelado pelo Estado é o primeiro elo entre o esquema do doleiro e o operador do mensalão.
"Com a delação premiada do Paulo Roberto Costa ex-diretor da Petrobras envolvido no esquema de Youssef e com essa revelação do elo entre Valério, Ronan e Youssef, vamos conseguir desmontar o aparelhamento do Estado feito pelo PT. A revelação do contrato entre Valério e Ronan é uma prova de que o mensalão não foi totalmente apurado. E muita coisa do mensalão começou em Santo André", disse Bueno.
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O contrato apreendido pela PF no escritório da contadora de Youssef é de um empréstimo de 6 milhões de reais entre a 2 S Participações LTDA, empresa de Marcos Valério, e a Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto. O documento é assinado por Valério e a Remar Agenciamento e Assessoria. No último parágrafo do contrato, contudo, está escrito que a empresa de Ronan é a mutuária do empréstimo.
Em depoimento ao Ministério Público no ano passado, Valério afirmou que dirigentes do PT pediram a ele 6 milhões de reais que seriam para o empresário Ronan Maria Pinto. O dinheiro serviria, segundo Marcos Valério, para que o empresário parasse de chantagear o ex-presidente Lula, o então chefe de gabinete pessoal de Lula,Gilberto Carvalho, hoje secretário-geral da presidente Dilma Rousseff, e o ex-ministro José Dirceu. Por trás das ameaças estaria a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), executado em janeiro de 2002. Sob suspeita de que foi um crime político, o caso foi encerrado pela polícia de São Paulo como crime comum.
O nome da Expresso Nova Santo André, da qual Ronan Maria é sócio, aparece apenas no último parágrafo do contrato assinado por Marcos Valério e por um representante da Remar Agenciamento e Assessoria. No documento, contudo, esta claro que a empresa de Ronan é "mutuária" do acordo de empréstimo. A Remar está em nome de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho e Salua Sacca Vieira. Ela afirmou ao Estado que seu nome foi colocado como sócia da empresa pelo ex-marido, Oswaldo, sem seu consentimento. "Meu nome estava aí de gaiato, de bobeira. Não trabalhava com ele, não sei o que essa empresa faz", afirmou Salua. Ronan nega ter feito contrato com Valério.
Procurado por meio do Instituto Lula, o ex-presidente Lula afirmou que não se manifestaria. A assessoria de imprensa do ministro Gilberto Carvalho não se manifestou até a publicação deste texto.
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(Com Estadão Conteúdo)
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