Gabriel Melgaço
Desde o trágico acidente que vitimou Eduardo Campos, a campanha do tucano Aécio Neves tem passado, digamos, por um inferno astral, que já passou. E o voo até o paraíso do 2º turno parece ter começado.
Durante a semana passada e já no final desta semana, a mídia e os trackings internos dos partidos já indicavam uma virada de Aécio Neves no Centro-Oeste e na região Sul. Se os dados se confirmarem nas pesquisas, estaremos diante de um dos finais de campanha mais emocionantes da história.
De um lado, vemos a campanha de Marina Silva derreter por aquilo que é, uma miragem. É uma campanha/candidatura que se sustentou na manchete e na desgraça, mas não tem apoio político sólido, musculatura partidária (está abrigada no PSB) e não tem propostas pensadas com intensidade. Marina construiu uma colcha de retalhos e entrou sem o menor preparo para a disputa. A emoção dominou. No entanto, um governo dura 4 anos e não pode ser conduzido na base de discursos filosóficos e "sonháticos". Com o tempo, o eleitor vai considerando as belas palavras enfadonhas, chatas, repetitivas e vazias. Todos nós queremos um governo justo, que escute os humildes, que seja limpo, que combata a corrupção e que faça melhor. Isso a Marina vem repitindo muito, mas sequer ensaia uma outra fase desse discurso, que diga como vai conseguir. Como Marina vai conseguir governar se não tem base partidária, se seu partido hospedeiro está se desmontando em guerra interna? Se nem seu núcleo está organizado, como vai organizar o Brasil? E se a Nova Política rompe mesmo com a Velha política, como vai se relacionar com o PMDB e até mesmo com o PT? Marina provou um pouco da virulência petista (que ela sempre viu mas silenciou) e parece que não gostou de sofrer na mão dessa máquina de moer reputações.
Do outro lado, vemos Aécio Neves, que foi declarado morto nessa campanha, quase sepultado com Eduardo campos. Muitos disseram "Hasta La Vista Aécio", e grande parte da mídia simplesmente passou a ignorá-lo. No entanto, o mineiro mostrou uma garra sem igual e em uma maratona manteve a unidade de seu partido, manteve o otimismo mesmo depois depois de tantas críticas e dos diagnósticos caóticos de derrota certa. Ressurge com crescimento vigoroso. Muitos duvidavam de sua capacidade de crescimento em São Paulo, mas os números de todas as pesquisas, melhores e piores, apontam crescimento vigoroso. Na última, disparou de 16% para 22% em menos de sete dias. Em Minas, já é o primeiro colocado. No sul e no Centro oeste, já recupera a dianteira ou a segunda posição de forma sólida. E ganha votos enquanto a candidatura Marina, por todas as deficiências mencionadas vem derretendo, se desmantelando.
Esse viés de queda pode ser percebido na fisionomia da candidata Marina, ontem no debate da RECORD. Ela aparentava cansaço, desânimo e apatia. Não conseguiu se defender das acusações e, pior, foi desmascarada em seu discurso "ser amigo de todos". Desde criança se sabe que quem quer ser amigo de todo mundo, não é amigo de ninguém.
Aécio, no seu momento de glória, talvez pelo batismo de seus filhos, estava iluminado. De fato, a mensagem que proferiu, segurando seus filhos com orgulho é significativa. Um homem com dois filhos saudáveis e lindos, com uma bela familia que o apoia e lhe empresta um nome limpo, não precisa disputar eleições para vencer, já é um vitorioso. E sendo um exemplo de homem bom, merece meu voto de confiança. Merece uma oportunidade.
No debate, Aécio foi presidencial, mostrou clareza, foi mais direto, manerou na erudição do vocabulário, saiu do bate boca de lavadeira e contestou históricos, números, firmou posição, apresentou suas propostas e soluções. Por mais que o PSDB não seja o partido mais adequado para fazer tudo o que é necessário, pelo menos agora, nesse momento decisivo que passa o país, de perder todos os benefícios de uma moeda estável e economia estabilizada, é o partido mais adequado a reordenar a economia, afinal de contas, nesse ponto o PSDB foi o único que conseguiu.
Se é necessário um voto útil contra o PT, antes de tudo, é necessário um voto que seja útil ao BRASIL, e isso significa escolher não só um candidato, mas um grupo de pessoas preparadas para assumir uma economia em crise e, desde o dia 1º de janeiro, trabalhar para conserta-la. Isso não vai ser fácil.
O PSDB, é verdade, exigiu do povo brasileiro a colaboração, o sacrificio, para estabilizar a moeda e a economia no combate a inflação. O povo Brasileiro aceitou o desafio, aceitou o remédio amargo e teve bons resultados. O que foi prometido, a cura do mal da inflação, a estabilização economica, foi entregue. Nesse ponto, o PSDB cumpriu sua promessa.
Então, com esse histórico, quando o PSDB diz que não vai mais exigir sacrifícios, que não vai reduzir beneficios sociais (até porque foi ele quem os criou), não há razão para medo, pois nesse ponto, o PSDB tem palavra. Veja o estado São Paulo que, até hoje, depois de tantos anos sob gestão do PSDB, mantém-se como a locomotiva do Brasil, rico.
Depois do comportamento de Aécio durante a campanha, de seu desempenho nos debates, da sua garra e paixão com que vem enfrentando essa campanha, acho que ele merece um voto de confiança, não com bases meramente apaixonadas, vazias, mas nas razões que podem ser encontradas em mais de 20 anos de vida pública e depois de fazer um bom governo em Minas Gerais.
O eleitor vai percebendo que o melhor nome é o de Aécio e, naturalmente, vai formando sua real intenção. Nada contra Marina, mas eu acho que o melhor é Aécio.
E olha, em 2010, cantaram a eleição da Dilma no 1º turno e Serra só com 23%. No primeiro turno, Serra teve mais de 30%. Se os institutos mantiveram a metodologia e essa margem de erro, Aécio estará no 2º turno, certamente.