quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CORONELISMO E LAVAGEM CEREBRAL

ALBERTO GOLDMAN


O que sustenta a Dilma?
Com índice de rejeição que ultrapassa 40% e de aprovação e intenção de voto que se aproxima de 40%, a pergunta que se faz é o que ainda sustenta a Dilma? Qual o contingente de pessoas que a apoiam e estão dispostas a lhe conceder mais 4 anos?
O maior grupo de pessoas nessa condição é a parcela da população que depende dos programas sociais do governo federal, ações de assistencialismo já legalmente inscritos como um direito que independe dos detentores do poder. O povo mais simples não sabe, e o governo faz questão que não saiba, fazendo acreditar que o que recebe não é uma benesse, é a lei que lhe garante. Além do que sua condição de dependência se relaciona com o temor que lhe é infundido de que aquele direito pode ser extinto. Milhões passam assim a reverenciar os que se dizem seus protetores responsáveis por sua sobrevivência. Esses passam a fazer, na atualidade, o papel dos coronéis e senhores de escravos do passado. Dilma tem expressado, sem disfarces, essa posição. Triste para quem a imaginava, e ao seu partido, uma corrente para acabar com essa terrível chaga da sociedade brasileira.
Outro grupo, menos visível e quantitativamente menor, mas não menos importante, é o de setores da classe média, inclusive intelectualizada, que foram durante anos submetidos a uma verdadeira lavagem cerebral, um envenenamento contínuo, e exitoso, que transformava qualquer ideia reformadora e modernizadora em perigosa ação de inimigos dos interesses nacionais e populares. Ainda que muitos tenham se dado conta do engodo, muitos outros, em geral jovens desinformados, e alguns mais idosos que se aferram a dogmas do passado, permanecem impenetráveis às realidades que se apresentam.
PARA O PT O POVO É OBJETO, NÃO SUJEITO DA HISTÓRIA
E o PT era um partido de que se dizia de esquerda
Primoroso o artigo “De sujeitos e objetos” de Eugênio Bucci no Estadão. Analisando a retórica oficial, Dilma e PT, trata os eleitores mais carentes não como os protagonistas de sua própria existência, mas apenas como beneficiários da caridade alheia, isto é, da caridade deles, praticada com o dinheiro estatal, vale dizer, de todos nós. Ela diz: “tiramos milhões de pessoas da miséria”, “levamos milhões à classe média”. Os carentes são assim apenas peças no tabuleiro da política. Nessa retórica o povo é apenas um objeto. O sujeito, autor de tudo, é o governo, dela, Dilma, é claro, a benfeitora.
E ainda chamam o PT de esquerda. É de chorar.

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