segunda-feira, 8 de setembro de 2014

EM QUAL MARINA O ELEITOR PRETENDE VOTAR?

Foto: Tem idiota que acha que votando em Marina vai tirar o lulopetismo do poder.

Abaixo, editorial do Estadão de hoje, intitulado "As coisas podem não ser o que parecem".

É cada vez menor o número dos que duvidam hoje da derrota de Dilma Rousseff nas urnas de outubro. Mas a probabilidade da vitória de Marina Silva poderá resultar em enorme decepção para quem acredita que o voto na ex-senadora é o melhor caminho para livrar o País do lulopetismo. Esta é a conclusão a que têm chegado, nos círculos políticos de Brasília, petistas e não petistas com algum acesso a Lula, a partir da análise de seu comportamento diante de um quadro eleitoral que era impensável pouco tempo atrás.

Não é de hoje, garantem seus seguidores mais chegados, que Lula perdeu a paciência com a campanha da reeleição de Dilma. E não se trata nem de discordar da estratégia, se é que se pode chamar assim, que a presidente e seu círculo de assessores diretos impuseram à disputa. Aos mais íntimos o ex-presidente se tem permitido expressar irritada decepção com a falta de competência política e de carisma de sua criatura. Afirma mesmo, como se não tivesse nada a ver com isso, que ela "não é do ramo".

Diante do provável revés, Lula se esforça para disfarçar o mau humor com um comportamento discreto que o tem levado, para usar uma expressão futebolística tão a seu gosto, a simplesmente "cumprir tabela" na campanha. Mesmo porque uma omissão ostensiva seria inadmissível e a estridência crítica seria contraproducente.

Lula, portanto, parou para pensar em si mesmo, entregar os anéis para salvar os dedos e se concentrar em 2018, quando ele próprio poderá tentar, com o prestígio popular que lhe tiver restado, uma volta triunfal ao Palácio do Planalto. E, pelo que dizem ser seus cálculos, a eleição de Marina Silva agora pode ser mais útil a esse objetivo do que a reeleição de Dilma.

Dilma Rousseff entregará a seu sucessor um país em situação muito pior do que aquele que recebeu de Lula há quatro anos. Os indicadores econômicos, financeiros e sociais revelam essa lamentável realidade. O próximo ocupante da cadeira presidencial receberá uma verdadeira herança maldita. Reeleita, Dilma terá de mostrar uma competência que já provou não ter para evitar que a inflação estoure, a recessão econômica se instale, os programas sociais definhem e a companheirada em desespero piore as coisas tentando "salvar o seu". E aí provavelmente nem mesmo Lula seria capaz de operar o milagre de manter o PT no poder em 2018.

Já Marina Silva na Presidência, com um programa repleto de boas intenções, mas sem nenhuma perspectiva concreta de apoio parlamentar para aprová-lo e de uma ampla e competente equipe técnica para realizá-lo, seria presa fácil de um PT que, na oposição, estaria à vontade para fazer aquilo em que é especialista: atacar, destruir. E depois de devidamente demolida a imagem de Marina, Lula poderia surgir, mais uma vez, como salvador da pátria. 

Mas haveria ainda, segundo essas maquinações, uma segunda hipótese: governar com o PT. Marina não ignora as dificuldades que terá pela frente e tentará garantir o apoio de forças políticas que possam fazer diferença em seu governo. Petistas ou tucanos dariam a Marina apoio decisivo semelhante àquele que o PMDB oferece hoje a Dilma. Mas PT e PSDB dificilmente comporiam juntos uma base de apoio confiável. E, mesmo que os tucanos venham a apoiar Marina num eventual segundo turno contra Dilma, toda a história política da ex-senadora dentro do PT e a aversão aos tucanos que ela não se preocupa em disfarçar indicam que seus parceiros preferenciais seriam os petistas.

Reforçaria essa hipótese o fato de que Marina tem feito acenos de boa vontade a Lula, como a reiterada manifestação de que não seria candidata à reeleição em 2018 e de que estaria disposta a não desalojar completamente o PT de seu governo, promessa implícita na garantia de que pretende governar "com todos os partidos".

Seja como for, Lula parece estar assimilando bem - e talvez até desejando - uma vitória de Marina Silva, que trabalharia para caracterizar como uma derrota de Dilma e não do PT. E o PT estaria, tanto quanto seu líder máximo, preservado do inevitável desgaste de mais quatro anos de barbeiragens políticas e administrativas.

A ser isso verdade, votar em Marina com a intenção de cravar uma bala de prata no coração do lulopetismo seria comprar gato por lebre.

Fonte:  http://coturnonoturno.blogspot.com.br/2014/09/tem-idiota-que-acha-que-votando-em.htmlA melhor frase de Aécio: “É a Marina que se calou no escândalo do mensalão e continuou no governo petista?” Acrescento: é a Marina que plagia o programa do PSDB e depois reclama da falta de generosidade dos tucanos?

Felipe Moura Brasil

Todas as manchetes destacaram a expressão “metamorfose ambulante”, que o candidato Aécio Neves usou para descrever Marina Silva, aquela “que altera suas convicções ao sabor das circunstâncias”, de modo que a melhor frase de Aécio acabou escondida no noticiário:
“É a Marina que se calou no escândalo do mensalão e continuou no governo petista?”
Eu havia escrito no texto “Como vencer Marina Silva” que Aécio deveria mostrar que ela “ficou no partido mesmo após o mensalão”, e agora finalmente, como diz a reportagem da VEJA.com, ele “resolveu atender aos apelos de integrantes de sua campanha e disparou contra a adversária do PSB”, atacando ao mesmo tempo o PT. Sabe como é: Aécio detona as adversárias quase a contragosto, é preciso que seus partidários, decerto meus leitores, apelem para que ele o faça.
Eis a sua fala completa, com cinco anos de atraso:
“O improviso não é o melhor conselheiro. De um lado, temos um governo que reage aos índices das pesquisas alterando as suas convicções, com certo desespero, o que não é bom. Do outro lado, o que vejo é uma candidatura que mais se assemelha a uma metamorfose ambulante, que altera suas convicções ao sabor das circunstâncias.
Em qual Marina o eleitor pretende votar, a que ataca ou a que foi do PT? A que defende os pilares macroeconômicos ou a que votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal no Congresso Nacional quando era do PT? É a Marina que se calou no escândalo do mensalão e continuou no governo petista?”
Quando Aécio “sobe o tom”, como se diz, isto é o máximo que sai, mas é melhor do que nada. Comentei ainda no Facebook um trecho de sua entrevista desta quarta no Jornal da Globo, aquela para a qual Dilma amarelou:
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O candidato também havia dito na terça que o programa de governo de Marina continha uma “cópia exata” do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), do governo de Fernando Henrique Cardoso: “Ela poderia ter pelo menos dado crédito aos autores verdadeiros da proposta e a FHC.”
Em encontro nesta quarta com a categoria médica, na Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, Marina respondeu com o cinismo de hábito: “A defesa dos direitos humanos não deve ser privatizada por nenhum partido. Essa é uma visão pouco generosa das conquistas humanas.” Petista de raiz é assim: rouba a ideia dos outros e, quando pega em flagrante, reclama da falta de generosidade deles. (Como se, aliás, o pavor do PSDB de partir para o ataque não fizesse dele o adversário mais generoso que uma candidata pode ter.)
Marina disse ainda que se sentiria “feliz e honrada” se algum candidato incluísse em suas propostas projetos de sua autoria como a Lei de Gestão de Florestas Públicas: “Eu não tenho uma atitude exclusivista”, disse ela. Quer dizer: ao ser plagiado, manda o manual de etiqueta dos petistas de raiz que a vítima se sinta “feliz e honrada”, e não faça alarde para informar ao público a autoria que ela não informou. A quem faltou a generosidade, não é mesmo?
Qualquer semelhança da atitude de Marina com a recomendação “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”, atribuída a um dos ídolos socialistas do PSB, Vladimir Ilitch Lenin, não é mera coincidência. Tampouco é que Lenin tenha celebrado os sovietes ou conselhos operários instituídos em 1905 como “expressão da criação do povo”, conselhos estes que serviram de pilares do regime comunista soviético e que o decreto socialista do PT de número 8.243 recria no Brasil com apoio dela mesma: a rainha de todas as ONGs e quem sabe a nova menina dos olhos do Foro de São Paulo, Marina Silva.
Eu, como não sou concorrente de nenhum deles, deixo que Marina me “plagie” para atacar Dilma, como mostrei aqui, e que Aécio me “plagie” para atacar Marina. Sou um homem mui generoso. Tanto que deixo até uma sugestão final para os dois, embora eu saiba que esta eles não vão usar:

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