MMA: Dilma x Marina, por Mary Zaidan
Com golpes de fazer inveja aos ídolos do MMA, Dilma Rousseff foi com tudo para cima de Marina Silva, que se esforça no revide. Um espetáculo nada digno para os mais de 140 milhões de brasileiros credenciados a escolher o próximo presidente da República, daqui a três semanas.
Se nessa luta insana Dilma e Marina têm conseguido manter a audiência, destaca-se a performance do vale tudo da presidente-candidata.
A ameaça de perder o cinturão revelou uma Dilma pouco conhecida: a que se sente extremamente confortável em bater forte no adversário.
Dilma ataca melhor do que defende. E, ainda que falte com a verdade em ambos os casos, as mentiras desferidas contra opositores saem com maior facilidade do que as invencionices sobre as maravilhas de seu governo.
Ao soltar seus uppers (ganchos aplicados de baixo para cima no queixo do rival), nem mesmo escorrega no atrapalhado dilmês. Fala claro, com todas as letras. Na propaganda na TV, chegou a ser didática ao detalhar os riscos de um Banco Central independente. Pena que ensinou errado, mentindo na explicação.
Para a sorte da presidente, seus opositores não se lembraram de que em 2010, na disputa contra o tucano José Serra, ela defendeu a mesma autonomia que agora critica. Nem mesmo Aécio Neves, que tenta entrar no ringue, apontou a ferida.
Por sua vez, Marina repete que prefere o debate ao embate, mas não é o que demonstra. Quer fazer crer que apenas se defende dos golpes baixos. Na verdade, ataca. E sem dó.
Sentados na plateia, financiadores do esporte são agredidos por todos os lados.
Dilma disse que Marina é sustentada por banqueiros (referência a Neca Setúbal, herdeira do Itaú); Marina acusou Dilma de ter criado a “bolsa banqueiro”. Empresas privadas foram demonizadas pelos dois lados, como se fossem elas as responsáveis por todos os males do Estado. E uma acusou a outra de ser como Collor de Mello. E a outra revidou com a mesma acusação, ainda que em contexto diferente.
Distribuindo pernadas a esmo, dispara-se um sem número de imbecilidades. Baixarias que chegam muito perto do “gorda x feia”, charge com a aguçada inteligência de Chico Caruso, em O Globo.
Tudo levando a lugar nenhum.
Um ou dois pontinhos para cima ou para baixo nas pesquisas de opinião não justificam tais táticas. Não deveriam dar o direito a ninguém de abusar da desinformação do eleitor, muito menos a quem pretende dirigir o Brasil.
Nas campanhas eleitorais sempre há os que preferem atingir o fígado do adversário. Poucos se interessam com o que será construído no lugar depois de desfeito o ringue.
Não se dão conta de que o país não é o MMA.
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