Ricardo Noblat
Cito de memória:
- Não é possível que a senhora não tenha ainda pedido desculpas pela corrupção na Petrobras – provocou Aécio Neves (PSDB), a certa altura do debate entre os candidatos a presidente da República promovido, ontem à noite, pela Rede Record de Televisão.
Dilma (PT) olhou para Aécio de cara feia. Antes que ela respondesse, Aécio voltou a provocar:
- Não há um sentimento de indignação, não vejo em momento algum a senhora dizendo 'não é possível que fizeram isso nas minhas barbas sem eu saber o que estava acontecendo'. Não, candidata, essa indignação está faltando.
Aí Dilma não se conteve:
- Fui eu que autorizei a Polícia Federal a prender Paulo Roberto Costa [ex-diretor de Abastecimento da Petrobras] e os doleiros [um deles Alberto Yousseff].
- Não é a senhora que manda a Polícia Federal prender. A Constituição garante a autonomia da Polícia Federal – devolveu Aécio.
Foi o melhor momento do debate. E o pior momento de Dilma, que mentiu. A Polícia Federal atuou sem o seu conhecimento.
Teve outro momento também muito ruim para Dilma. Novamente foi quando Aécio a criticou – dessa vez por ter ido à sede da ONU em Nova Iorque fazer a apologia do seu governo.
- A senhora sugeriu lá que se negociasse com cortadores de gargantas [terroristas do Estado Islâmico que degolam prisioneiros e estrupam mulheres].
Dilma pareceu surpresa com o comentário.
As regras do debate permitiram que os candidatos trocassem disparos e exibissem seus pontos fortes e fracos.
Recomenda-se a Dilma e a seus correligionários que façam tudo para que a eleição termine no próximo domingo. Porque se não terminar ela correrá o risco de a passar por novos apertos.
Os candidatos que se enfrentarem num eventual segundo turno debaterão entre si pelo menos meia dúzia de vezes. Debate não é a praia de Dilma. Não é mesmo.
Até Marina superou Dilma. Serena, quase fria, revelou-se mais senhora da situação do que ela, embora tenha perdido a chance de marcar com tintas fortes sua passagem pelo debate.
Dilma carimbou com tintas fortes na testa de Marina a palavra “mentirosa”.
Lembrou que Marina disse ter votado a favor da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), imposto destinado à Saúde. E valeu-se de documentos oficiais para provar que ela mentiu.
A baixa audiência do debate, devido ao horário (depois das 22h30), remotamente produzirá algum efeito sobre as chances de vitória de Dilma, Marina e Aécio. Mas cada um deles apresentará recortes do debate em seu programa de propaganda eleitoral.
Aécio terá mais o que mostrar.
Aécio Neves (Imagem: Arquivo Google)
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