:: O próprio PT filmou a prova do crime - mas não acredita nela.
Por Sandro Vaia
“Isso é um absurdo, pô”.
Você pensa que a presidente da República está indignada com o aparelhamento e uso de uma empresa estatal para trabalhar na campanha de sua reeleição?
Nem que a vaca tussa. A presidente não está indignada com o fato, mas com a divulgação do fato, que ela atribui à “proximidade da eleição”. Mas nem é uma denúncia da oposição nem de seus adversários. É a exibição pura e simples de um vídeo onde um deputado petista se vangloria do “dedo forte dos petistas dos Correios” na virada das intenções de voto dos candidatos do partido a presidente e a governador.
No centro da mesa do evento filmado, impávido e colosso, o presidente da estatal, Wagner Pinheiro, que mais tarde divulgaria sua indefectível nota oficial desmentindo que os Correios estejam favorecendo alguém.
O PT costuma alegar “falta de provas” em qualquer caso de denúncia de malfeitos do partido, e pelo que se vê, o partido não aceita nem as provas que ele mesmo produz.
Assim realmente fica difícil cumprir uma das tarefas fundadoras do PT, que é a de empunhar a bandeira da ética na política. Não importa que a bandeira esteja um tanto esgarçada pelo mau uso que foi feito dela, desde que algumas pessoas ainda acreditem nela-ou pelo menos deixem de considerá-la importante, já que “todo mundo faz a mesma coisa, não é mesmo?”.
Mas se ninguém se incomoda em nivelar a prática política por baixo, nem mesmo o PT, que supostamente nasceu para nivelar por cima, será preciso acreditar em outra coisa, para diferenciar o partido dos outros.
A temporada festejada de inclusão social não teria começado sem a estabilidade econômica, e isso é consenso entre todos as pessoas sérias, e embora o PT tenha votado contra ela, se assenhorou de todos os frutos da árvore, que ele não só não ajudou a plantar, como apedrejou o quanto pôde.
Lula, o palanqueiro, disse em um comício recente, ao comentar as oscilações da Bolsa em função das pesquisas eleitorais, que ele “nunca pediu votos ao mercado”. Claro que a platéia que o ouvia pode ter ido ao delírio, porque a excitação coletiva com frases de efeito faz parte da prática populista, e ninguém naquele ambiente teria o mau gosto de lembrar que ele só ganhou as eleições de 2002 depois de acalmar o mercado com a “Carta ao Povo Brasileiro”, onde o programa do PT foi sepultado para descansar em paz.
Na propaganda eleitoral muito pouco fraterna, o PT destruiu a ex-companheira Marina, dedicando-lhe a acusação de “neoliberal”, que no dialeto das esquerdas pós-modernas é algo pior do que “lacaio do imperialismo” na segunda metade do século passado.
Não importa que não haja nenhuma semelhança entre o que o PT diz e o que ele faz. Afinal, a alma daquele partido que muitos idealistas adotaram por ser “diferente de tudo que está aí” já morreu e o corpo espera uma extrema unção digna.
“Isso é um absurdo, pô”.
Você pensa que a presidente da República está indignada com o aparelhamento e uso de uma empresa estatal para trabalhar na campanha de sua reeleição?
Nem que a vaca tussa. A presidente não está indignada com o fato, mas com a divulgação do fato, que ela atribui à “proximidade da eleição”. Mas nem é uma denúncia da oposição nem de seus adversários. É a exibição pura e simples de um vídeo onde um deputado petista se vangloria do “dedo forte dos petistas dos Correios” na virada das intenções de voto dos candidatos do partido a presidente e a governador.
No centro da mesa do evento filmado, impávido e colosso, o presidente da estatal, Wagner Pinheiro, que mais tarde divulgaria sua indefectível nota oficial desmentindo que os Correios estejam favorecendo alguém.
O PT costuma alegar “falta de provas” em qualquer caso de denúncia de malfeitos do partido, e pelo que se vê, o partido não aceita nem as provas que ele mesmo produz.
Assim realmente fica difícil cumprir uma das tarefas fundadoras do PT, que é a de empunhar a bandeira da ética na política. Não importa que a bandeira esteja um tanto esgarçada pelo mau uso que foi feito dela, desde que algumas pessoas ainda acreditem nela-ou pelo menos deixem de considerá-la importante, já que “todo mundo faz a mesma coisa, não é mesmo?”.
Mas se ninguém se incomoda em nivelar a prática política por baixo, nem mesmo o PT, que supostamente nasceu para nivelar por cima, será preciso acreditar em outra coisa, para diferenciar o partido dos outros.
A temporada festejada de inclusão social não teria começado sem a estabilidade econômica, e isso é consenso entre todos as pessoas sérias, e embora o PT tenha votado contra ela, se assenhorou de todos os frutos da árvore, que ele não só não ajudou a plantar, como apedrejou o quanto pôde.
Lula, o palanqueiro, disse em um comício recente, ao comentar as oscilações da Bolsa em função das pesquisas eleitorais, que ele “nunca pediu votos ao mercado”. Claro que a platéia que o ouvia pode ter ido ao delírio, porque a excitação coletiva com frases de efeito faz parte da prática populista, e ninguém naquele ambiente teria o mau gosto de lembrar que ele só ganhou as eleições de 2002 depois de acalmar o mercado com a “Carta ao Povo Brasileiro”, onde o programa do PT foi sepultado para descansar em paz.
Na propaganda eleitoral muito pouco fraterna, o PT destruiu a ex-companheira Marina, dedicando-lhe a acusação de “neoliberal”, que no dialeto das esquerdas pós-modernas é algo pior do que “lacaio do imperialismo” na segunda metade do século passado.
Não importa que não haja nenhuma semelhança entre o que o PT diz e o que ele faz. Afinal, a alma daquele partido que muitos idealistas adotaram por ser “diferente de tudo que está aí” já morreu e o corpo espera uma extrema unção digna.
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