sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O BOLSA FAMÍLIA SILENCIA O GRITO DOS MISERÁVEIS

JORGE OLIVEIRA

Nós, os nordestinos, – eu sou alagoano – até quando vamos servir de massa de manobra para políticos oportunistas, corrutos e inescrupulosos? Pois é, nessas eleições, mais uma vez, o alvo somos nós, os miseráveis, a sub-raça, que vive a troco de migalhas dos petistas que louvam a doação do Bolsa Família como um grande favor, uma esmola aos famintos dos guetos da seca. Basta! Os nordestinos precisam ser tratados como trabalhadores sérios, guerreiros e resistentes à discriminação dessa classe política que só mira o voto deles nas eleições.Chega da cuia de farinha. O Nordeste precisa de um projeto real para se desenvolver.

Nem bem terminou a campanha, a Dilma voltou-se para o Nordeste. Com um sorriso maroto de quem esqueceu a região e suas principais obras do PAC 1 e 2, foi levar aos nordestinos a garantia de que o Bolsa Família vai continuar. Ou seja: mais de 50 milhões de pessoas vão ter o que comer porque o “papai PT” vai garantir a ração que engorda com farinha o bucho das crianças remelentas e miseráveis sem perspectiva de futuro. O PT não leva ao Nordeste proposta alternativa que possa livrar dos grilhões do Bolsa Família parte dessa população pobre.

Nos últimos doze anos, o governo federal  investiu pouco na infraestrutura do Nordeste. O Canal do Sertão, divulgado como a redenção da região para acabar com a seca, fortalecer a agricultura e levar água potável para a população continua se arrastando, com as obras paralisadas em todas as frentes. Se a região cresceu, foi porque alguns empresários abnegados investiram lá sem a retaguarda do governo. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que iria custar 2,5 bilhões de reais,  já está nos 22 bilhões. É assim mesmo: quando se leva alguma coisa para o Nordeste os políticos depenam os cofres públicos e transformam obras como essa da refinaria em um canteiro de corrupção.

A presidente Dilma não está visitando o Nordeste levando uma proposta de governo para a educação, saúde e segurança pública. Não detalha nos seus programas eleitorais projetos para desenvolver a região, para atrair empresas e gerar renda e emprego. Aliás, nos programas anteriores, Dilma tentou tapear os eleitores com propostas evasivas como se todos os nordestinos fossem débeis mentais.  Permaneceu batendo na mesma tecla: aumentar o Bolsa Família, o programa que escraviza o nordestino e o transforma em cabos eleitorais indolentes.

É no Nordeste que o PT faz a diferença nas campanhas. Lá, na região, é mais fácil manipular o voto. Junta-se os analfabetos e semianalfabetos em um curral, distribui uma sacola com alimentos e uns trocados e… pronto. O miserável corre para as urnas feliz da vida. Durante uma semana, pelo menos, ele vai matar a fome e mastigar um pedaço de carne seca com os cacos dos dentes que lhe restaram.

Nos últimos programas eleitorais ainda não se conhece um projeto de governo para o Nordeste nem dos petistas nem dos tucanos que vise a tirar a região da miséria que não dependa do Bolsa Família. Mesmo quando esses governos estiveram nas mãos de nordestinos como Collor e Sarney a miséria não diminuiu. Veja você que a própria Marina, quem diria, num ato demagogo, ofereceu décimo terceiro para os que recebem o Bolsa Família.

Diante de atos fisiológicos de políticos tão despreparados, a pergunta é: o que os nordestinos podem esperar desses políticos que discriminam a região mas mantém as pessoas sob o cabresto da miséria para se servir delas de quatro em quatro anos?

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