sábado, 18 de outubro de 2014

O "ISENTISMO" INJUSTO E DESONESTO

Concordo que o jornalismo deve ser isento, mas nem sempre é assim, principalmente quando permite ser pautado por um partido político. Nesse caso, passa a ser desonesto e injusto. E esse tipo de jornalismo precisa ser repudiado, nada mais atrasado e burro.

Criou-se o hábito de misturar todas as manifestações políticas no mesmo balaio de ratos, tanto a participação das militâncias quanto o comportamento dos candidatos.

Mas não é a mesma coisa, não. A prática dos petralhas sempre foi a da truculência, impossível comparar com os "punhos de renda" dos tucanos e com a consciência de seus eleitores. 

A diferença entre a postura dos candidatos, então, é abissal. O único ponto que une os candidatos na reta final, porém em direções opostas, é que tudo o que Aécio Neves afirma, a Justiça confirma. Enquanto que tudo o que Dilma tenta expor, a mesma Justiça que Dilma diz que comanda a desmente.

O discurso do ódio vem do lado petista. Ou: Chega de equivalência moral entre o que é essencialmente distinto!

Rodrigo Constantino
A campanha eleitoral baixou completamente o nível. Pesquisas mostram que o eleitor não aprecia a postura muito agressiva, mas candidatos afirmam que devem manter o tom. A imprensa em geral, em nome sempre da suposta isenção que, na prática, acaba sendo um “neutralismo” injusto, trata do assunto como se fossem equivalentes os dois lados da disputa. Não são.
Não existe postura mais fácil – e também covarde e injusta – do que essa suposta neutralidade forçada. É como um pai que chega em casa, descobre que um dos filhos fez uma enorme besteira, e sem querer averiguar melhor qual foi o culpado, simplesmente coloca os dois de castigo. Conquista aplausos fáceis quem finge estar “acima” dessa briga suja, como um “pacifista” que condena “os dois lados”. Mas e quando um lado é o culpado?
O mesmo tipo de postura leva muita gente a adotar conclusões injustas no Oriente Médio, por exemplo. Condenam tanto Israel como os terroristas islâmicos, como se houvesse equivalência moral entre ambos! Um tenta proteger suas crianças e minimizar as perdas inocentes do outro lado, enquanto o outro usa as próprias crianças como escudo e tenta deliberadamente fazer vítimas civis do lado de lá. Na Guerra Fria, a mesma coisa: o neutro criticava tanto os Estados Unidos como a União Soviética. Ou seja, na prática, era indiferente entre os defensores da liberdade e os tiranos.
Claro que reconhecer a atitude completamente errada de um dos lados não é o mesmo que endossar uma ideia de perfeição do outro. E é esse detalhe que faz com que tanta gente prefira o confortável e injusto grupo dos “neutros”. Quem enxerga o discurso de ódio do PT, por exemplo, quem sabe que o partido sempre usou a tática de descer o nível, não precisa, por isso, achar que o PSDB é santo. Basta ter um mínimo de critério de ponderação e comparação objetiva.
O esquerdista Arnaldo Bloch, em sua coluna de hoje, comete exatamente tal injustiça. Trata os dois lados como igualmente raivosos, o que é absurdo. Mas é uma tática que a esquerda vem usando há anos. Comparam o “pitbull” Reinaldo Azevedo com os radicais de esquerda, como um Guilherme Boulos do MTST, por exemplo, ignorando que um é cidadão ordeiro, cumpridor das leis e defensor da democracia, enquanto o outro é violento, agressivo e até criminoso, ao invadir propriedade alheia. Mas acusar os dois lados de “radicais” encerra a questão para muitos. Só que de forma injusta.
Ninguém tem nada parecido para mostrar do lado tucano a essa fala de José Dirceu, por exemplo, um dos que mais incita o ódio e que ainda é defendido pelo PT:

Quando vemos esse tipo de discurso partindo das lideranças petistas, podemos entender melhor o caso dessa professora comunista destemperada, com um adesivo de Dilma, que peço até desculpas aos leitores por divulgar, tamanha a baixaria:

Alguém quer mesmo dizer que isso é comparável a qualquer “radicalismo” do lado tucano? Fizeram uma celeuma porque o Gregorio Duvivier foi “quase agredido” num restaurante chique do Leblon. O caso foi parar na coluna de fofocas de Ancelmo Gois, e de forma bem deturpada. Blogs sujos chegaram a me acusar pelo episódio, pois a expressão “esquerda caviar” foi usada pelo “quase agressor”.
Conhecidos meus presentes no local disseram que não foi nada do jeito que relataram. Ninguém ameaçou diretamente o humorista. Comentaram com terceiros que hipócritas socialistas mereciam umas porradas, e só. Mas o caso foi pretexto para a “indignação” simulada dos blogs petistas. Algum deles pretende se manifestar sobre essa doida do PCB que defende Dilma e agride tucanos?
Um peso, duas medidas. O duplo padrão moral do PT, que conhecemos tão bem. Não vamos cair nessa de “condenar o radicalismo de ambos os lados”, pois há um lado verdadeiramente radical, disposto a tudo para se perpetuar no poder, e esse lado é o petista. O outro está cansado, indignado, disposto a lutar, mas dentro das regras. O ódio vem de lá. A baixaria também. E as pessoas decentes estão saturadas dessa covardia de quem trata com equivalência moral o que é essencialmente distinto.
PS: Se o povo brasileiro tiver juízo e Aécio Neves ganhar, o tucano terá de ser magnânimo e governar para o Brasil como um todo, sem rancores, sem ressentimento, sem ódio. Tenho convicção de que assim o fará, pois não é digno da vitória quem se vinga, como dizia Voltaire. Só não devemos tolerar os intolerantes, claro. Agora, se Dilma vencer, sabemos que a segregação vai continuar, que a incitação ao ódio e à luta de classes também, e que haverá tentativa de retaliação a todos aqueles que ousaram ir contra o partido autoritário. Eis o abismo moral intransponível que separa ambos os lados.

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