Quem não se lembra que num dos debates Aécio Neves disse que até parecia serem os dois, ele e Dilma, “candidatos de oposição”?
Ainda bem que ele tinha razão: eleita, ela está fazendo justamente tudo quilo que dizia temer que o PSDB fizesse. Menos, é claro, promover um projeto como o da alteração da LDO que oficializa a irresponsabilidade fiscal, bandalheira que será aprovada em plenário na terça-feira, livrando Dilma do risco de sofrer um democrático processo de impeachment.
Depois do aumento dos juros e da gasolina, e de “nomear” Katia Abreu, líder do agro negócio, para a Agricultura e Armando Monteiro Neto, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, para a Indústria e Comercio, ela traz Joaquim “mãos de tesoura” Levy, para a Fazenda, o que significa que sua equipe na área econômica terá perfil ortodoxo e conservador, muito próximo do ideário dos inimigos tucanos: corte radical nas despesas (menos as de custeio, que não vai dar para acabar com a maioria dos 39 ministérios), não gastar mais do que arrecada, colocar a casa em ordem e fazer com que o país não perca o “investment grade”, o que seria o apocalipse total. O MTST, o MST, o Stédile, o Gilberto Carvalho, o Ruy Falcão e outros da mesma panela não vão gostar, mas o Brasil vai.
Considerando tudo isso, mais a operação Lava a Jato, que está nos trazendo o caneco de campeão mundial da corrupção, tem-se a impressão que o novo governo do PT acabou antes de começar. Aliás, se o Brasil fosse um país sério a Presidente já teria renunciado, mesmo porque não vai dar para fugir da sua responsabilidade na gestão da Petrobrás. No Japão, ela já teria se suicidado, “arakiri” que muitos dos seus eleitores já estão achando que cometeram quando digitaram seu nome e número nas “indevassáveis” urnas eletrônicas.
A esta altura do campeonato, o PT deve estar se culpando por não ter acabado com a liberdade de imprensa a tempo de acobertar toda esta imundície que revolta a nação. Franklin Martins e outros próceres do partido alertaram para este perigo, mas não lhes deram bola. Agora é tarde demais. Não vão conseguir seu intento nem com manobras maquiavélicas do tipo “regulamentação econômica dos meios de comunicação”, como fez a Cristina Kirchner na Argentina, que implodiu o Grupo Clarin.
Os petistas históricos sabem muito bem que perpetuar no poder um regime patrimonialista “como nunca antes na história deste país” com liberdade de imprensa não dá pé. Se as “zelites” têm os jornais, revistas e as redes sociais, o povão tem o rádio e a televisão. Não se pode mais tapar o sol com a peneira. Nem mesmo aparelhando o executivo, o legislativo, as autarquias, as empresas estatais e o Supremo Tribunal Federal. Ninguém escapa do julgamento do povo que, quando bem informado, de trouxa não tem nada.
Se estão achando que vão conseguir fazer com o juiz Sergio Moro o mesmo que tentaram contra o Ministro Joaquim Barbosa, que foi “desconstruído” e sumiu de cena, estão enganados. O juiz paranaense é tão corajoso quanto o mineiro e certamente irá até ao fim na busca da verdade, “doa a quem doer”.
Lugar de ladrão é na cadeia. Desta vez eles não vão escapar, como os mensaleiros políticos que andam flanando por aí, tipo José Dirceu, que esteve em São Paulo para “cuidar de assuntos administrativos do seu escritório” (sic). Da para encarar mais este vexame? De traz das grades por 40 anos só o Marcos Valério, que operacionalizou o esquema montado nas catacumbas do Palácio do Planalto.
Sabem por que os petistas ficam indignados com o que chamam de movimento pelo terceiro turno?
Porque sabem que perderiam.
Perderiam eles e não a Dilma que, numa clara tentativa de autopreservação, dá sinais inequívocos de já ter aderido à oposição.
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