Em seu discurso de posse, a presidente disse: “Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e minha esperança”. Confesso que me passou batido o uso da expressão “alma coletiva”, amplamente utilizada pelo nacional socialismo, pelos nazistas, pelos caudilhos, pelo totalitarismo, inclusive religioso. Justo a mim, que venho farejando há tempos o cheiro da tentativa descarada de implantação de um regime comunista ao estilo de Gramsi. Não que me surpreenda esta manifestação da Presidente, que encabeça um regime cujo autoritarismo não tem precedentes na história democrática deste país.
Imagino que o Ministro do Planejamento já tenha se dado conta de onde foi amarrar seu burro. Bastou dizer, sem autorização previa da chefa, que iria mexer no cálculo do salário mínimo para receber tremenda bronca que se transformou no primeiro pito oficial do segundo mandato.
Por essas e outras que continuo tendo grande dificuldade de entender os pronunciamentos da Presidente. No mesmo momento em que afirma que vai dar autonomia para sua nova equipe econômica, cai de pau sobre a “indisciplina” do seu colaborador; no mesmo momento em que fala em alma coletiva defende valores intrínsecos das sociedades livres, abertas e pluralistas, como liberdade de imprensa, etc. Estes paradoxos fazem com que os seus textos sejam praticamente ininteligíveis, pelo menos para cidadãos com QI normal como eu, que não conseguem detectar neles um pensamento inteiro, linear, com princípio, meio e fim e muito menos decifrar qual seja exatamente o seu pensamento. A presidente fala em código. Decifra-lo seria útil para temos alguma ideia de para onde caminha a nossa nação.
Interessados na história da Segunda Guerra Mundial lembrarão o quão importante foi quebrar o código Enigma dos alemães, episódio que se transformou num dos mais relevantes do conflito já que, a partir desse feito, os nazistas não puderam mais surpreender as forças aliada que os combatiam.
No nosso caso, seria bastante positivo se os criptologos conseguissem decifrar o “Código Dilma” para que pudéssemos nos defender dos inimigos da democracia que nos atacam há 12 anos e do seu escalão precursor que raspa o tacho do nosso dinheiro, que dizem ser “publico”.
A quebra do “Código Dilma” seria urgente para o Ministro Joaquim “mãos de tesoura” Levy, que está apenas começando seu trabalho e parece já ter avançado o sinal ao falar em ajustes que passam por corte de despesas, aumento de impostos e, vejam só, o fim do estado patrimonialista que com tanta criatividade, empenho e desfaçatez o PT conseguiu instalar “para durar para sempre”, segundo dizem eles. Joaquim Levy não se deu conta de que no “Código Dilma” a diretriz é fazer omelete sem quebrar ovos. Nunca vi ajustes econômicos e financeiros sem dor. Lembro-me como se fosse hoje da primeira reunião que fiz com o “staff” da Standard Ogilvy & Mather, agência semi falida que eu acabava de assumir. Meu discurso foi curto e grosso: “Hoje vou demitir 50% da nossa equipe. Sabem por quê? Para proteger o emprego dos 50% que ficarão”.
Passados dois anos de aperto, a agência se recuperou e veio a se transformar na melhor e maior do país. Se não fosse a coragem de cortar fundo e enfrentar a amargura que esses episódios sempre acarretam, a agência não estaria atuando até hoje com grande sucesso: teria fechado.
Espero que o nosso tão bem-vindo “mãos de tesoura” consiga fazer o que é obviamente necessário para recolocar o pais na rota do crescimento sustentável. Temo, porém, que quando lhe cair à ficha do grau de liberdade que terá na condução das finanças públicas, se transforme em Joaquim “mãos atadas” Levy, que suas boas intenções de arrumar a casa desabem ladeira abaixo e que ele peça as contas antes de naufragar com a nau petralha, ele que de pirata não tem nada, nem cara.
Afinal, prometer ajustes sem dor, sem mexer nas “conquistas já conquistadas” é utopia só imaginável pelas cabeças coroadas da demagogia de plantão. Tal feito não tem precedentes na história da humanidade e não consta do Guiness Book of Records edição de 2015. Se Dilma conseguir, certamente será destacada como recordista mundial na edição de 2016, o ano das Olimpíadas no Rio.
Até lá, vamos ter que conviver com a “alma coletiva” que levou o Brasil para o buraco e para a estagflação, dilapidou nosso patrimônio (a Petrobras é um bom exemplo) e corroeu nossas esperanças. Por mais quatro anos. Pelo menos.
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