Sandro Vaia
Como se sabe, os estrategistas de comunicação do PT contam com pesadas artilharias que plantam a sua própria fantasia nos diversos canais de que dispõem nas redes sociais
A melhor defesa é o ataque. Essa velha máxima futebolística adaptada à política começou a ser aplicada pela galera petista nas redes sociais e nos outros meios ao seu alcance na estratégia para tentar diminuir os danos do escândalo da Petrobras.
Os estrategistas do contra-ataque recorreram ao velho truque de balançar o espantalho de um inimigo imaginário em quem colocar a culpa. Sempre tem uma força do mal, da ganância, da usura e da especulação interferindo nos bons propósitos de um governo que só pensa no bem do povo.
Como se sabe, os estrategistas de comunicação do PT contam com pesadas artilharias, voluntárias ou nem tanto, que para contrabalançar a venalidade da imprensa “corporativa”, como eles dizem, plantam a sua própria fantasia nos diversos canais de que dispõem nas redes sociais.
A narrativa elaborada para ser distribuída pela rede de apoio voluntário ou remunerado, é a seguinte: a Petrobras está sendo vítima de uma sórdida campanha de difamação que visa desmoralizá-la e diminuir seu preço, para que no final possa ser entregue às pérfidas petroleiras internacionais, ou a alguma coisa equivalente, a “preço de banana”- o bordão preferido dos ativistas de botequim que discutem economia com a mesma desenvoltura com que debatem os milagres ou frangos de Rogério Ceni.
Toda a Operação Lava Jato, todas as investigações da Polícia Federal, todas as denúncias do Ministério Público, todos os atos do juiz Sergio Moro, todas as delações premiadas, todos os imbróglios que envolveram os balanços da Petrobras, a demissão da sua presidente, Graça Foster, tudo isso é armação para entregar a fortuna do Pré-Sal à cobiça do capital internacional.
As empreiteiras envolvidas ora são as vilãs, corruptoras de funcionários probos, ora são as vítimas de “vazamentos seletivos”, e que por isso são consoladas pelo ombro amigo do ministro da Justiça, que as aconselha a não se entregaram às torturantes condições da delação premiada, prometendo a elas um futuro mais risonho, quando cabeças novas forem jogadas na fogueira igualando todas as culpas. E onde todos são culpados, na filosofia igualitária ora instalada no poder, ninguém é culpado.
A frase do senador Jorge Viana, do PT do Acre, a esse respeito, é bastante elucidativa: “O desvio de dinheiro é suprapartidário”. Portanto, podemos dormir tranquilos, já que todos roubam por igual.
Existe, em tudo isso, porém, um impasse lógico que ninguém se habilita a explicar, porque o script fornecido pelo PT a seus multiplicadores não se preocupa em discutir racionalidades, mas apenas em manipular alguns símbolos que estão bem plantados no inconsciente coletivo; petróleo é nosso, pré-sal, riquezas naturais versus exploradores internacionais, um inimigo sempre à mão.
A questão lógica é essa: por que os que querem “entregar" a Petrobras não a entregaram quando estavam no poder? Por que esperaram justamente que aqueles que a usam como bandeira a desmoralizassem e provocassem a queda de seu valor de mercado para fazer o que não podem fazer, que é “entregá-la”? Não a venderam quando podiam e querem vendê-la quando não podem?
Não faz o menor sentido, mas quem se preocupa com sentido nesse tipo de escaramuça ideológica onde o que menos conta é a verdade?
Como observa agudamente Roger Scruton no final de um dos capítulos do seu livro “Pensadores da Nova Esquerda”, o que nos remete imediatamente à recente campanha eleitoral, “há modo melhor de esconder as intenções de alguém que as descreva como as intenções de seu inimigo?"
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