segunda-feira, 18 de maio de 2015

CORRUPÇÃO, GASTANÇA COM PROPAGANDA E O ROMBO NA PETROBRAS




Aparentemente, os méritos da Petrobrás não falam por si próprios. Para cuidar da imagem da empresa que muita gente considera ‘orgulho nacional’, é preciso uma megaestrutura do tamanho do ufanismo que a cerca historicamente — ou da corrupção que montaram para mamar epicamente em seu caixa.

De acordo com a Folha de S. Paulo de hoje, a nova diretoria da Petrobras descobriu que a empresa tem 1.146 pessoas em sua área de comunicação: 469 no Rio e 677 espalhadas pelo País.

Como esse número se compara a outras empresas?

A Vale emprega 45 pessoas na comunicação — 25 vezes menos que a Petrobras.

O Banco do Brasil, que tem muito mais interface com o público do que uma empresa que explora e produz petróleo, tem 105 funcionários lidando com sua imagem – 11 vezes menos.

E a Shell, que fatura o triplo da Petrobras e opera em 70 países, tem metade do número de funcionários de comunicação da estatal brasileira.

Outra comparação chocante feita pelo jornal: dados da Aberje (a entidade que reúne as empresas especializadas em comunicação empresarial) mostram que, em 2012, 179 grandes companhias brasileiras (excluindo a Petrobras) tinham, juntas, 1.500 pessoas na área de comunicação. Ou seja, a Petrobras emprega, sozinha, 76% da equipe de 179 grandes empresas.

Como se sabe, a comunicação da Petrobras foi comandada desde o início do governo Lula pelo sindicalista Wilson Santarosa, por muito tempo tido como ‘intocável’, mas demitido pela nova diretoria, comandada por Aldemir Bendine.

Os repórteres Natuza Nery, Raquel Landim e Lucas Vettorazzo tiveram acesso a um levantamento interno da empresa, pesquisaram o cadastro de funcionários, e obtiveram outros dados por meio da Lei de Acesso à Informação. Um trabalho inestimável.

A Petrobras precisa romper não apenas com a ingerência política que a meteu no pântano atual, mas também com a mentalidade de gigantismo e desperdício que orienta tudo que termina em “brás”. Quem aposta que ela consegue?

Por Geraldo Samor

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