sábado, 2 de maio de 2015
MP APERTA O CERCO PARA INCRIMINAR LULA POR DESVIO DE DINHEIRO DO BNDES
Jorge Oliveira
Afirmei em artigo durante as eleições do ano passado que Lula, em algum momento, teria deixado a Dilma sozinha na campanha quando ela achou que teria condição de ganhar sozinha, sem precisar do prestígio do ex-presidente junto ao povão do Bolsa Família. Arrisquei a dizer aqui, inclusive, que Lula estaria torcendo pela vitória do Aécio para voltar ao governo depois nos braços do povo. Ele achava que o tucano não iria administrar o caos da herança maldita. O fracasso do Aécio seria, portanto, a porta de entrada de Lula na presidência novamente. Pois bem, Lula deixou a estratégia de lado quando foi aconselhado a não deixar o PT perder o poder, risco que poderia levar ele e seus companheiros para a cadeia. Assim, a Dilma desceu goela abaixo do ex-presidente e agora amarga um isolamento político jamais visto na história do país.
A matéria da revista Época desta semana de que o núcleo de combate à corrupção da Procuradoria da República de Brasília abriu investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil joga o ex-presidente nas cordas e enfraquece o seu sonho do terceiro mandato. O MP quer provar que Lula beneficiou a Odebrecht quando virou seu lobista de luxo ao deixar o governo. Viajou em jatos particular da empresa para países que depois receberam financiamentos do BNDES para obras públicas. O MP cita como exemplos Cuba, Venezuela, Gama, Angola e República Dominicana como beneficiados. Os governos desses países, dominados por déspotas sanguinários, de regime fechado, receberam US$ 4,1 bilhões do banco enquanto a Odebrecht manteve Lula como seu principal intermediário nos negócios.
O BNDES escancarou as portas para esses países. Luciano Coutinho, presidente do banco, tinha receio de perder o cargo. Além disso, sabia que no governo da Dilma quem manda é Lula & Companhia. As viagens do ex-presidente para os países beneficiados eram disfarçadas por convites para palestras, artifício usado na lavagem de dinheiro. Em alguns deles – imagine! – Lula chegou a receber títulos de Doutor Honoris Causa só oferecido a personagens que se destacaram no mundo da ciência e da educação. As empreiteiras viram no ex-presidente a chance de encher os cofres de dinheiro sem que para isso precisassem prestar contas do serviço, já que o BNDES decidiu que esses empréstimos estariam protegidos por sigilo bancário. Enquanto Lula abria as comportas do dinheiro público para obras no exterior, no Brasil fazia discurso demagogo em defesa do povão, dos desprotegidos, levando-os a adorá-lo como protetor dos mais pobres e desvalidos.
Para encobrir esse lado obscuro da sua conduta de ajudante de capitalista, Lula sempre se serviu dos seus áulicos na imprensa pusilânime, bajulatória e submissa. No governo, cooptou alguns dos principais cronistas políticos dos jornais e da televisão. Os que ensaiavam críticas curvavam-se depois aos empregos milionários. Criou e ainda financia blogs com dinheiro de estatais para ocultar suas trapaças e enaltecer sua personalidade. Controla com mão de ferro toda verba publicitária do governo e, em alguns momentos, chegou ameaçar a mídia com a instalação de um conselho que iria castrar a liberdade de imprensa, a exemplo do que fez seu amigo Hugo Chávez na Venezuela, numa afronta as leis vigentes do país. Foi assim, com uma parte da imprensa paga ao seu lado, que Lula vendeu a imagem de salvador da pátria. Personalista, egocêntrico, enquanto deixava seus parceiros apodrecerem na cadeia, dava entrevista tentando convencer à população a acreditar que roubar nada mais era do que um ato de rotina dos políticos brasileiros, jogando no lixo a defesa da ética que tanto propagou antes de chegar ao governo.
Por mais que se esforcem para mostrar um relacionamento harmonioso, Lula e Dilma não se bicam. As investigações em torno do ex-presidente lava a alma da presidente que enxerga nisso um desprestígio do seu chefe, o que lhe permite sair da letargia no papel de marionete. Mesmo assim, não conseguirá controlar a bagunça do seu governo. Refém dos líderes no parlamento, Dilma não consegue se articular para sair da crise, mas por obra e graça ainda do seu chefe Lula deu, por incrível que pareça, um nó no PMDB ao transformar Michel Temer, o vice, em chefe de departamento pessoal. Temer, agora, deixa de pensar politicamente o país para tentar salvar a massa falida oferecendo cargos a militantes de partidos.
Dilma ri à-toa ao ver Temer agarrado à folha de pagamento em vez de pensar o país como um estadista. O PT mais cedo ou mais tarde vai espalhar que o impeachment de Dilma é uma solução perigosa porque o vice não tem competência nem para chefe de DP. Diante desse imbróglio só existe uma certeza: o Brasil, como já acusaram os ministros do STF, está sendo chefiado por uma quadrilha que se alimenta do dinheiro público como urubus na carniça. Resta, portanto, aos brasileiros ir às ruas e pedir o impeachment da presidente antes que o Brasil descambe para uma convulsão social de consequências imprevisíveis.
Em tempo: em Portugal, o ex Primeiro Ministro José Sócrates, amigo do peito de Lula e Zé Dirceu, está na cadeia. O país agora está menos corrupto.
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