domingo, 7 de junho de 2015

VALENTINA DE BOTAS

Valentina de Botas: ‘Se tanto faz um FHC ou uma Dilma, um Pimentel ou um Aécio, um JD ou um Anastasia, longa vida ao jeca!’

Augusto Nunes
Otimista, eu? Não me levem a mal, mas sou meu texto, com equívocos sinceros e acertos, se os há, pequenos perante a dúvida, esta placa de procura-se em que ele – meu texto – se configura nas alamedas ensolaradas desta coluna. Meu querido Oliver vê uma divisão entre os indignados – os que enxergamos um país sob o cadáver do lulopetismo ainda morno, acusados de otimistas; e os presumíveis pessimistas que veem um país perdido no rastro de miséria que o finado deixou.
Celebro a morte do jeca, do lulopetismo, do projeto deles de poder perene. Há menos de um ano, ela era uma obviedade que nem mesmo os profetas mais otimistas anunciavam e o jeca, deleitado na reeleição da presidente de ignorância enciclopédica, estava atravessado de luz como um santo de vitral. Mas há uma maneira pela qual esse pesadelo alcança uma sobrevida: quando igualamos tucanos e lulopetistas. Esse é um dos desejos podres da súcia. Se tanto faz um FHC ou uma Dilma, um Pimentel ou um Aécio, um JD ou um Anastasia, longa vida ao jeca!
Apregoar que um bando disfarçado de partido pôde perpetrar o assalto inédito na história contra o Estado porque o outro partido – eficiente como gestor e ineficaz como oposição – abriu o portão abranda a face anômala do PT e empresta ao PSDB um gangsterismo ausente entre os tantos defeitos dos tucanos. Não dá. Ao contrário do PT, o PSDB não tem a gramática do ódio como afeto político, a mentira como cultura de subsistência, a libido totalitária, a incompetência como sopro, a delinquência como essência, e a súcia, seja lá quem a antecedesse no poder, esbulharia o país e depredaria o estado de direito democrático como tem feito.
Não fosse a era tucana na administração de FHC, a súcia teria sido ainda mais forte em dentes e músculos. Cintila, sob o monturo de sucata e além do rastro de miséria que o lulopetismo deixa, um país decente. Somos nós – otimistas, pessimistas ou nada disso, mas todos indignados, resistentes, cintilando, fartos desse monturo. Quem haverá de negar que existimos? Que existe esperança para a esperança e políticos honrados ainda, inclusive desse PSDB de desencontro marcado com a nação que resiste?
Claro que as mazelas somente serão saneadas no longo prazo e que o problema do longo prazo é que ele é longo. Mas ele está se escoando. Esse é meu otimismo como ele é. Não me levem a mal.

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