A convite de Dilma, Eduardo Cunha esteve no Palácio do Planalto há cinco dias. Depois da audiência, relatou trechos da conversa a aliados. Um desses trechos soou inusitado. De acordo com o deputado, a presidente da República “insinuou” que poderia ajudá-lo no Supremo Tribunal Federal.
Em privado, Cunha disse ter depreendido que Dilma lhe ofereceu ajuda para lidar com o processo que corre contra ele no STF. O deputado foi acusado por um dos delatores da Lava Jato, o consultor Júlio Camargo, de ter cobrado propina de US$ 5 milhões num contrato de fornecimento de navios-sonda à Petrobras. Cunha nega.
Convencido de que o delator diz verdade, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Cunha ao Supremo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O deputado aguarda por uma manifestação do tribunal. Se a denúncia do Ministério Público Federal for aceita pelos magistrados da Suprema Corte, Cunha passará de denunciado a réu.
Foi contra esse pano de fundo que Dilma puxou conversa sobre Lava Jato e STF. Considerando-se que cabe a Cunha, como presidente da Câmara, decidir se os pedidos de impeachment contra sua interlocutora devem ser engavetados ou submetidos à deliberação do plenário, ficou boiando na atmosfera a incômoda impressão de que Dilma pode ter sugerido a Cunha uma barganha.
Pior: tomando-se como verdadeiro o relato feito por Cunha em privado, Dilma dá a entender que dispõe de poderes para interferir nas decisões do STF, cujo plenário é integrado por onze ministros. De duas, uma: ou Cunha entendeu mal o que ouviu ou Dilma, sitiada pelas crises econômica e política, entrou em fase de desespero.
Nem Cunha parece ter dado crédito às palavras da presidente. Segundo disse aos seus confidentes, o deputado avalia que Dilma tenta toureá-lo por um ano e meio, até o término do seu mandato como presidente da Câmara. Resta saber se o STF demorará tanto tempo para deliberar sobre a denúncia da Procuradoria.
(...)
Em privado, Cunha disse ter depreendido que Dilma lhe ofereceu ajuda para lidar com o processo que corre contra ele no STF. O deputado foi acusado por um dos delatores da Lava Jato, o consultor Júlio Camargo, de ter cobrado propina de US$ 5 milhões num contrato de fornecimento de navios-sonda à Petrobras. Cunha nega.
Convencido de que o delator diz verdade, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Cunha ao Supremo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O deputado aguarda por uma manifestação do tribunal. Se a denúncia do Ministério Público Federal for aceita pelos magistrados da Suprema Corte, Cunha passará de denunciado a réu.
Foi contra esse pano de fundo que Dilma puxou conversa sobre Lava Jato e STF. Considerando-se que cabe a Cunha, como presidente da Câmara, decidir se os pedidos de impeachment contra sua interlocutora devem ser engavetados ou submetidos à deliberação do plenário, ficou boiando na atmosfera a incômoda impressão de que Dilma pode ter sugerido a Cunha uma barganha.
Pior: tomando-se como verdadeiro o relato feito por Cunha em privado, Dilma dá a entender que dispõe de poderes para interferir nas decisões do STF, cujo plenário é integrado por onze ministros. De duas, uma: ou Cunha entendeu mal o que ouviu ou Dilma, sitiada pelas crises econômica e política, entrou em fase de desespero.
Nem Cunha parece ter dado crédito às palavras da presidente. Segundo disse aos seus confidentes, o deputado avalia que Dilma tenta toureá-lo por um ano e meio, até o término do seu mandato como presidente da Câmara. Resta saber se o STF demorará tanto tempo para deliberar sobre a denúncia da Procuradoria.
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