Questionado se devem permanecer no governo mesmo após o pedido da procuradoria-geral da República para que sejam investigados, Cardozo afirmou que ainda não há condenação e que não cabe "prejulgamento". "A presidente é quem decide a composição de seu ministério a qualquer tempo, então não cabe a ministro fazer juízo de valor sobre isso. O que posso afirmar é que não há indicador objetivo que leve à condenação ou ao prejulgamento de ninguém", disse o ministro, ao deixar o desfile em comemoração ao 7 de setembro, na Esplanada dos Ministérios.
Nesta segunda, com um discurso afinado com Cardozo e com outros colegas, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que as investigações contra Edinho e Mercadante não constrangem o governo, mas afirmou que caso eles sejam de fato denunciados a situação pode mudar. "Não tem prejulgamento, então não há constrangimento", disse. "Vamos esperar a investigação. Se fosse uma denúncia seria diferente", disse. Questionado se caso os ministros forem denunciados, ele seria a favor do afastamento, Vagner afirmou que "se eles forem denunciados é outra questão, por enquanto vamos ficar na investigação", reforçou.
A mesma opinião foi compartilhada pelo ministro das Comunicações Ricardo Berzoini, que disse não ver nenhuma hipótese de os dois deixarem o governo. "Temos confiança total nos dois ministros. Eles são plenamente corretos. Essa é uma investigação. Não é uma denúncia", declarou o ministro, ao lembrar que os fatos "serão esclarecidos". "Todo esse momento deve ser encarado com tranquilidade, objetividade e dando direito deles se defenderem" acrescentou o ministro.
No início de seu primeiro mandato, Dilma realizou o que ficou conhecido como "faxina ministerial" ao afastar ministros suspeitos de envolvimento em irregularidades como o então comandante da Casa Civil, Antonio Palocci. Na época, Palocci era responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, mas não suportou a onda de denúncias sobre seu patrimônio pessoal e pediu demissão, alegando que assim sua permanência prejudicaria a 'continuidade do debate político'. No seu lugar, assumiu Gleisi Hoffmann.
Além da investigação que recai sobre Edinho, com base em doações eleitorais para a campanha de 2010, a PGR solicitou apurações sobre campanhas presidenciais do PT dos anos de 2010 e 2006, também mencionadas por Pessoa. Os casos foram encaminhados à Justiça Federal do Paraná, pois os nomes citados pelo delator não possuem foro privilegiado perante o STF. Cardozo destacou que o Ministério Público quer investigar "várias situações, não só do PT, mas também da oposição". A PGR também pediu para investigar o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), com base nos depoimentos do dono da UTC. Todas as investigações são mantidas em absoluto sigilo.
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