Faz sentido?
Homem umbilicalmente ligado aos interesses do PT acusa senador tucano de envolvimento com esquema de Furnas. A empresa já foi palco de uma farsa armada por bandidos para incriminar a oposição
Por: Reinaldo Azevedo
Homem umbilicalmente ligado aos interesses do PT acusa senador tucano de envolvimento com esquema de Furnas. A empresa já foi palco de uma farsa armada por bandidos para incriminar a oposição
Por: Reinaldo Azevedo
As hostes petistas estão em festa, numa felicidade extrema. A esta altura, já nem se ocupam mais em provar que não são corruptas. Basta que outros também o sejam — ou que ao menos se tornem alvos de acusação — e pronto! Para os petralhas, está muito bom!
Historicamente, eles evoluíram daquela posição em que só eles eram honestos, quando atacavam todo mundo, para uma outra: não há honestos! Que ninguém, então, aponte o dedo contra ninguém! E de onde vem tanta felicidade? Há uma lobista acusando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de receber propina de Furnas, que é uma estatal federal. Faz sentido? Vamos ver.
Fernando Moura, amigão de José Dirceu até outro dia e figura umbilicalmente ligada ao PT, prestou um segundo depoimento nesta quarta a juiz Sergio Moro. Em relação ao ex-ministro petista, negou afirmação feita no primeiro, que o inocentava de tudo, e voltou ao conteúdo original de sua delação premiada.
Assegurou que Dirceu participou do esquema vigente na Petrobras, que nomeou Renato Duque para a Diretoria de Serviços e que este garantia 3% dos contratos em propina, assim distribuídos: 1% para o PT paulista, o núcleo do então ministro da Casa Civil; 1% para o PT Nacional e 1% para a “companhia” (o próprio Duque e Pedro Burusco).
O depoimento, desta feita, trouxe uma novidade. Moura acusa o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de ser beneficiário de esquema semelhante vigente em Furnas, uma estatal federal. Segundo Moura, Lula concordou, no começo de 2003, em nomear para o comando da empresa o executivo Dimas Toledo, o que teria sido um pedido de Aécio. O lobista, então, afirmou que a prática dos 3% valia lá também: o PT de Dirceu e o Nacional recebiam o seu 1% cada, mas a terceira parte iria para Aécio.
Em nota, o PSDB classifica a denúncia de requentada e afirma: “O senador Aécio Neves não conhece o lobista, réu confesso de diversos crimes, e tomará todas as providências cabíveis para desmontar mais essa sórdida tentativa de ligar lideranças da oposição aos escândalos investigados pela Operação Lava Jato”. A defesa de Dimas, também em nota, afirma que as acusações são falsas.
Vamos ver
Não é a primeira vez que se tenta usar Furnas contra políticos tucanos, Aécio em especial, e até contra um ministro do Supremo. O caso ficou conhecido como “Lista de Furnas”, uma tramoia comprovadamente falsa, armada por um estelionatário, com a ajuda de petistas. Não entro em detalhes para não me alongar demais. Leiam aqui.
Mas não esperem que eu vá dizer: “Oh, jamais se investigue a denúncia!”. Ao contrário: que se investigue! Eu me dou o direito de achar a coisa estranha. Cabe perguntar:
– por que o PT toleraria um esquema corrupto em Furnas que também financiasse os interesses de um político tucano, potencial adversário do partido?;
– se o PT sabia disso e tinha essa bala de prata contra Aécio, por que não a usou na campanha eleitoral de 2014, quando chegou a vislumbrar o fantasma da derrota?
Não vale responder que é porque a acusação poderia atingir também o PT. Àquela altura, a reputação do partido já estava manchada por muitos escândalos. Era do interesse da legenda evidenciar que o candidato que podia derrotar a petista também não era um exemplo de honestidade.
“Ah, então é assim: quando acusam alguém de oposição, aí a acusação não vale?!”. Uma ova! Em qualquer caso, a acusação vale se há provas, e as coisas têm de ser investigadas.
O problema é que Furnas já foi alvo de uma operação criminosa, montada por bandidos, para incriminar pessoas inocentes. Que o tal Moura não seja flor que se cheire, convenham!, ninguém precisa desse ou daquele para asseverá-lo. Afinal, o homem muda de depoimento mais do que muda de camisa.
Quanto à alegria petralha, eis a felicidade dos imorais. Ainda que a acusação fosse verdadeira, o Brasil estaria diante de uma barbaridade a mais. Sendo como é e dadas as circunstâncias, parece que se está diante de “Furnas II, A Volta da Farsa”.
De todo modo, que se façam as devidas investigações. Ainda que a história não faça sentido.
Historicamente, eles evoluíram daquela posição em que só eles eram honestos, quando atacavam todo mundo, para uma outra: não há honestos! Que ninguém, então, aponte o dedo contra ninguém! E de onde vem tanta felicidade? Há uma lobista acusando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de receber propina de Furnas, que é uma estatal federal. Faz sentido? Vamos ver.
Fernando Moura, amigão de José Dirceu até outro dia e figura umbilicalmente ligada ao PT, prestou um segundo depoimento nesta quarta a juiz Sergio Moro. Em relação ao ex-ministro petista, negou afirmação feita no primeiro, que o inocentava de tudo, e voltou ao conteúdo original de sua delação premiada.
Assegurou que Dirceu participou do esquema vigente na Petrobras, que nomeou Renato Duque para a Diretoria de Serviços e que este garantia 3% dos contratos em propina, assim distribuídos: 1% para o PT paulista, o núcleo do então ministro da Casa Civil; 1% para o PT Nacional e 1% para a “companhia” (o próprio Duque e Pedro Burusco).
O depoimento, desta feita, trouxe uma novidade. Moura acusa o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de ser beneficiário de esquema semelhante vigente em Furnas, uma estatal federal. Segundo Moura, Lula concordou, no começo de 2003, em nomear para o comando da empresa o executivo Dimas Toledo, o que teria sido um pedido de Aécio. O lobista, então, afirmou que a prática dos 3% valia lá também: o PT de Dirceu e o Nacional recebiam o seu 1% cada, mas a terceira parte iria para Aécio.
Em nota, o PSDB classifica a denúncia de requentada e afirma: “O senador Aécio Neves não conhece o lobista, réu confesso de diversos crimes, e tomará todas as providências cabíveis para desmontar mais essa sórdida tentativa de ligar lideranças da oposição aos escândalos investigados pela Operação Lava Jato”. A defesa de Dimas, também em nota, afirma que as acusações são falsas.
Vamos ver
Não é a primeira vez que se tenta usar Furnas contra políticos tucanos, Aécio em especial, e até contra um ministro do Supremo. O caso ficou conhecido como “Lista de Furnas”, uma tramoia comprovadamente falsa, armada por um estelionatário, com a ajuda de petistas. Não entro em detalhes para não me alongar demais. Leiam aqui.
Mas não esperem que eu vá dizer: “Oh, jamais se investigue a denúncia!”. Ao contrário: que se investigue! Eu me dou o direito de achar a coisa estranha. Cabe perguntar:
– por que o PT toleraria um esquema corrupto em Furnas que também financiasse os interesses de um político tucano, potencial adversário do partido?;
– se o PT sabia disso e tinha essa bala de prata contra Aécio, por que não a usou na campanha eleitoral de 2014, quando chegou a vislumbrar o fantasma da derrota?
Não vale responder que é porque a acusação poderia atingir também o PT. Àquela altura, a reputação do partido já estava manchada por muitos escândalos. Era do interesse da legenda evidenciar que o candidato que podia derrotar a petista também não era um exemplo de honestidade.
“Ah, então é assim: quando acusam alguém de oposição, aí a acusação não vale?!”. Uma ova! Em qualquer caso, a acusação vale se há provas, e as coisas têm de ser investigadas.
O problema é que Furnas já foi alvo de uma operação criminosa, montada por bandidos, para incriminar pessoas inocentes. Que o tal Moura não seja flor que se cheire, convenham!, ninguém precisa desse ou daquele para asseverá-lo. Afinal, o homem muda de depoimento mais do que muda de camisa.
Quanto à alegria petralha, eis a felicidade dos imorais. Ainda que a acusação fosse verdadeira, o Brasil estaria diante de uma barbaridade a mais. Sendo como é e dadas as circunstâncias, parece que se está diante de “Furnas II, A Volta da Farsa”.
De todo modo, que se façam as devidas investigações. Ainda que a história não faça sentido.
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