Reportagem da Folha informa que o ex-sindicalista Zunga, amigão de Lula e funcionário da Oi, fez gestões em favor da instalação da antena para servir ao sítio de Atibaia. Ah, bem, é preciso dizer: o homem, no passado, lutou bravamente contra a privatização da Telebras!
Por: Reinaldo Azevedo
O PT e os petistas são piadas de tal sorte grotescas que integrariam, sem favor, uma biblioteca de livros de segunda e terceira linhas, com enredo bem ruim, personagens primitivamente talhadas, desfechos mirabolantes e inverossímeis… Aquele troço em que se descobre, no fim, que o mocinho é que é o verdadeiro bandido. É patético a mais não poder.
Este blog já se ocupou de um homem chamado José Zunga Alves de Lima. Vamos ver quem é ele hoje e o que faz e quem foi ele no passado e o que fez. Assim a gente conta direito a história do petismo. Prestem atenção.
Hoje, o tal Zunga é funcionário graduado da Oi, aquela empresa de telefonia que tem como sócia principal a empreiteira Andrade Gutierrez, mas que conta também com capital do BNDES e dos fundos de pensão. A Oi nasceu quando a Telemar comprou a Brasil Telecom, da qual Zunga era funcionário, e, por óbvio, só existe com essa configuração porque houve a privatização da Telebras, certo? Pois bem. Guardem essa informação e avancemos.
Reportagem da Folha informa que foi Zunga, amigão de Lula, quem fez gestões junto à direção da Oi para instalar uma antena de serviço 3G a poucos metros de distância daquele sítio de Atibaia que Lula insiste em dizer que não é seu. Foi, como se diz por lá, um “presente” para o petista. A instalação custou R$ 1 milhão.
Segundo informa o jornal, “o pedido foi conduzido pelo então diretor João de Deus Pinheiro Macedo e teve aval de Otávio Marques de Azevedo, presidente da AG Telecom, uma das controladoras da Oi e parte do grupo Andrade Gutierrez”.
Azevedo, não custa lembrar, é réu da Lava Jato, ficou preso quase oito meses e foi solto depois de um acordo de delação premiada. As acusações contra ele estão ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez e não atingem a Oi. Sigamos.
Entenderam o ponto? Zunga, amigão de Lula, se encarregou de, vamos dizer assim, atender às necessidades do chefe.
O passado
Agora vamos ver o passado de Zunga. O homem já foi diretor da CUT do Distrito Federal. Em 1998, durante o processo de privatização da Telebras — e, sem ele, não existiriam Telemar, Oi etc. —, ele e seus amigos sindicalistas promoviam arruaças contra o que consideravam um crime de lesa pátria.
A sua ojeriza às empresas privadas no setor de telefonia durou pouco. Em 2003, no primeiro ano do governo Lula, ele era, prestem atenção!, presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicação (Fittel). Um companheiro realmente de lutas, né?
Em 2007, o poderoso dizia que ninguém seria nomeado diretor da Anatel, a agência reguladora da telefonia, sem o seu aval. Sabia do que estava falando. Em 2004, pelas suas mãos, o sindicalista Pedro Jayme Ziller havia chegado à presidência da agência.
Em 2008, ele próprio, Zunga, foi nomeado por Lula para o Conselho Consultivo da Anatel como “representante da sociedade civil”, contrariando o estatuto que proibia que esse lugar fosse ocupado por funcionário de alguma das empresas de telefonia. Só deixou a agência por determinação da Justiça.
Ora, como esquecer? Como morubixaba do PT, foi Lula quem comandou a guerra contra a privatização da Telebras, certo? Curiosamente, já no seu segundo ano de governo, a Telemar comprou, por R$ 5 milhões, 30% das ações da Gamecorp, empresa de Lulinha, filho de Lulão, da qual Zunga também foi conselheiro.
Lula mudou, como se sabe, o marco regulatório das telecomunicações só para permitir que a Telemar — aí já uma sócia de seu filho — comprasse a Brasil Telecom, dando origem à Oi. A mesma Oi que instalou a antena pertinho daquele sítio que, como se diz eufemisticamente, ele frequenta.
Isso é ou não é cara do PT? Estamos diante da caricatura do comunismo que fez George Orwell em “A Revolução dos Bichos”, quando os porcos tomam o poder e passam a andar sobre duas patas… Se é que me entendem.
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