Presidente interino também afirmou que é vítima de uma série de "agressões psicológicas para amedrontar o governo"
Por: Felipe Frazão, VEJA
Por: Felipe Frazão, VEJA
O presidente da República interino, Michel Temer, disse nesta terça-feira a parlamentares de sua base aliada que "não terá compromisso com equívocos" e que os "homens do governo são todos falíveis". Em uma tentativa de demonstrar força, Temer rechaçou ser chamado de "coitadinho", deu um tapa na mesa e disse que já lidou com bandidos quando era secretário da Segurança Pública nos governos dos peemedebistas Franco Montoro e Fleury Filho.
"As pessoas estão acostumadas a quem está no governo não poder voltar atrás, se errou tem que ter compromisso com o erro. Nós somos como JK [Juscelino Kubitschek], não temos compromisso com equívoco. Portanto quando houver algum equívoco, nós reveremos este fato. De modo que... Eu vi aqui, 'ah, bom, mas o Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar...' Conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos. Então eu sei o que fazer no governo e saberei como conduzir", disse o presidente. "Agora, meus caros, quando eu perceber que houve um equívoco na fala e na condução do governo, eu reverei essa posição. Não tem essa coisa de não errei, não aceito errar. Posso errar, não tem problema nenhum em errar, mas, se o fizer, consertá-lo-ei."
A fala de Temer ocorreu um dia depois de exonerar o ministro do Planejamento, Romero Jucá, que conversou sobre estancar a Operação Lava Jato com o ex-dirigente da Transpetro Sérgio Machado. Jucá foi a primeira baixa do governo interino depois de apenas doze dias. Ele reassume nesta terça o mandato de senador por Roraima.
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Uma das principais críticas à presidente afastada Dilma Rousseff era que ela, até deixar o cargo provisoriamente, nunca assumiu enfaticamente os erros na condução da economia, no modo de governar ou nas escolhas de ministros. Em vez de demitir, Dilma também manteve no cargo os investigados Edinho Silva (PT), ex-tesoureiro da campanha e ex-ministro da Comunicação Social, e Aloísio Mercadante (PT), ex-titular da Casa Civil e da Educação. Assim como Jucá, Mercadante foi gravado em conversa nebulosa sobre como o governo Dilma poderia interferir na Lava Jato, com um assessor do ex-senador Delcídio do Amaral (MS), delator da operação.
No discurso, Temer também afirmou que é vítima de uma série de "agressões psicológicas para amedrontar o governo", mas que "vai cuidar do país". Na véspera, quando pisou pela primeira vez no Congresso, parlamentares do PT o receberam com gritos de "golpista". No fim de semana, movimentos sociais ligados ao partido haviam ocupado a vizinhança da casa dele em São Paulo. "Não temos que dar atenção a isso, temos que cuidar do país. Aqueles que quiserem esbravejar façam-no o quanto quiserem, mas pela via legal e democrática."
Ele disse que respeita a oposição, mas o clima no país mostra que "todos querem testar as instituições nacionais" e atualmente não permite adiamento nas votações de matérias econômicas no Congresso Nacional, como a revisão da meta fiscal.
"Isso revela, aos olhos de quem vê o país como uma finalidade, e não um governo ou um partido político, a absoluta discordância de uma tranquilidade institucional no país", afirmou. "Não podemos permitir a guerra entre os brasileiros, a disputa quase física."
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