Jose Danon *
Como parte do processo de ajuste programático e operacional dos diversos setores do novo governo, vemos cabeçadas, acertos e desacertos, idas e vindas, encontros e desencontros.
Dos acertos, idas e encontros, pouco se fala. Das cabeçadas, vindas e desacertos, muito se fala.
Mas isso é próprio da espécie humana, com sua prodigiosa atração pelo dramático, pelo anormal e pelo bizarro. Nós vemos (eu também sou humano, oras...) a normalidade como uma coisa aborrecida, monótona, pouco digna de nota. Já as vídeo cacetadas...
Se falou muito mais do Cristo escalando a goiabeira e das roupinhas azul e rosa da ministra Damares do que de todo o programa de combate à corrupção e crime organizado do Sérgio Moro, ou do programa econômico do Paulo Guedes.
Enquanto as redes sociais fervilham com fofocas, julgamentos instantâneos e sentenças definitivas sobre o fracasso retumbante do governo que já está aí há quase duas semanas inteiras e ainda não resolveu nem o desemprego e nem a violência, o que realmente interessa vai sendo costurado pelas beiradas.
As metas dos ministérios da Justiça e da Economia são sensatas, bem formuladas e tocam no que deveriam tocar, como a revisão das regras de aposentadoria desprivilegiando as vantagens obscenas do serviço público, abertura dos mercados do primeiro mundo para o Brasil.
Como o combate vigoroso contra o crime organizado e o desorganizado, combate à corrupção institucionalizada pelo lulopetismo, ocupação dos cargos públicos sem loteamento pelos partidos.
Como a desburocratização dos serviços públicos essenciais, investigação das operações do BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil tornadas secretas pelos governos anteriores, etc, etc, etc.
Mas de todas essas providências, existe uma que é a de máxima prioridade. Aquela sem a qual nenhuma ação resultará exitosa, nenhum resultado será permanente, nenhum projeto será concluído, nenhum futuro que faça jus ao nome será possível. Que é mais premente ainda que a Educação, a Saúde, a Economia, as Relações Exteriores e as interiores, leis, projetos, constituições e códigos de conduta.
E execução dessa providência, afortunadamente, está nas mãos do melhor expert que poderia estar, o Ministro Sérgio Moro.
Ironicamente, resultado de uma convocação ousada, feita por um presidente estreante no Executivo, e de uma aceitação ainda mais ousada feita por um juiz que abandonou a tranquilidade, segurança e conforto do Judiciário para encarar essa missão quase suicida por patriotismo, rara coragem e ilimitada generosidade.
O combate à corrupção é o ponto de partida de quaisquer providências que devamos tomar, se pretendemos ser algum dia mais do que esse arremedo de país que somos, esse território ocupado por bandidos executivos, legislativos e judiciários, por saqueadores municipais, estaduais e federais.
É a pedra fundamental de um país que não terá futuramente cangaceiros nas altas cortes do Judiciário, delinquentes na Presidência, marginais no Parlamento, quadrilhas populosas de militantes inúteis instaladas no serviço público e bandoleiros subsidiados pelo governo para invadir e assaltar propriedades privadas.
Com a corrupção instalada em nosso software como uma contaminação sem antivírus, jamais teremos Educação, que é a base de tudo.
Jamais teremos Saúde, Economia saudável. Cidadania, direitos fora do papel, contratos obedecidos, leis para além dos livros, Justiça que não seja só de fantasia e governantes que não sejam só de brincadeirinha.
Nada funciona quando a corrupção funciona.
O combate à corrupção é a mãe de todas as prioridades.
Salve e obrigado, Sérgio Moro, seu louco.