Não podemos falar em guerra de narrativas no Brasil porque temos narrativas de um lado só. Do outro lado tem a voz do povo, de anônimos, ignorada por ilustres autoridades e formadores de opinião.
Mas tem algo inédito acontecendo na imprensa, algo estranho que já vinha engatinhando timidamente após a saída outros militares que aderiram à sua agenda, uma suposta defesa das Forças Armadas como o último bastião de defesa do país. Exatamente o que Bolsonaro sempre afirma, porém interpretam de forma distorcida para plantar o ódio contra o presidente.
A ideia é criar um clima tenso entre Forças Armadas e o governo Bolsonaro, porém a tal defesa da instituição que tanto odeiam tem o intuito de colar em Bolsonaro a marca de tirano, o dito antidemocrático que nenhuma artimanha até agora conseguiu derrubar. Então, num gesto digno dos piores crápulas da história, recorrem até a um “inimigo”, talvez como um último recurso desesperado para fazer o que nenhum adversário conseguiu.
Não foi em vão que certo jornalista escreveu um texto sobre a possibilidade de as Forças Armadas acabarem com Bolsonaro. No caso, tem até sugestão de assassinato.
A retórica de que Bolsonaro pretende decretar estado de sítio serve justamente para isso, para alegar que o presidente precisa ser barrado e, se possível, derrubado. Mas a contradição com o que Bolsonaro realmente diz deveria ser denunciada por certas agências de checagem, que costumam censurar informações que contradizem matérias mentirosas. Algo parecido com estado de sítio está sendo praticado, sim, mas pelos governadores. E a imprensa aplaude.
O que insinuam ser um alinhamento político das Forças Armadas com o governo e que, por esse motivo, alguns generais debandaram, cai por terra quando Bolsonaro diz com certa frequência que jamais ordenaria que o exército saísse às ruas para reprimir a liberdade de ir e vir do cidadão brasileiro.
Talvez seja esse o incômodo, o fato de Bolsonaro não aceitar que façam o que talvez alguns generais queiram fazer, perseguir trabalhador nas ruas. Foi pelo mesmo motivo que um ministro saiu, por querer forçar Bolsonaro a assinar uma lei para prender o cidadão pelo simples fato de estar na rua.
O importante nessa história toda é atentar para o fato de quem realmente defende a honra da instituição e quem utiliza de recursos diabólicos para criar o atrito e gerar discórdia.
Quando jornalistas, políticos e supremos propagam a ideia de que um general não teve sucesso numa missão e passa para a opinião pública que a instituição não tem quadros preparados, como fizeram injustamente com o ex-ministro da Saúde, temos um exemplo da ausência de escrúpulos de quem articula essa ideia, de quem acredita e repercute, e de quem não tem a dignidade de repudiar quem faz isso e, muitas vezes, acaba se aliando ao detrator que o humilha o tempo todo.
Só para citar mais um exemplo de canalhice, o primeiro nome da lista de indicados para o comando do Exército era considerado improvável pelos falsos “neoapoiadores” das Forças Armadas, por ser alguém que se opõe às ditas investidas políticas de Bolsonaro na caserna. Tanto é mentira que foi justamente o nome que assumiu o posto.