quarta-feira, 10 de março de 2021

FIÓDOR TUPINIQUIM




Padre Nivaldo Junior
(8 de março)

Outro dia um seguidor nos mandou uma mensagem contando que tinha um prazer estranho: prazer em mentir.
Pior: o prazer de mentir até para si mesmo. De acreditar em suas histórias como se verdade fossem.
Tinha afundado a existência em um mar de engano.
Lembrei-me então do momento em que o Stárets Zózimo ergue os olhos para Fiódor Pávlovitch e o desvenda:
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“Aquele que mente para si mesmo e escuta sua própria mentira vai ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde pois o respeito de si e dos outros. Não respeitando ninguém, deixa de amar; e para se ocupar, e para se distrair, na ausência de amor, entrega-se às paixões e aos gozos grosseiros. Aquele que mente a si mesmo pode ser o primeiro a ofender-se. É por vezes bastante agradável ofender-se a si mesmo, não é verdade? Um indivíduo sabe que ninguém o ofendeu, mas que ele mesmo forjou uma ofensa e mente para embelezar, enegrecendo de propósito o quadro, que se ligou a uma palavra e fez dum montículo uma montanha — ele próprio o sabe, portanto é o primeiro a ofender-se, até o prazer, até experimentar uma grande satisfação, e por isso mesmo chega ao verdadeiro ódio...”
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Há por trás do texto uma experiência humana universal.
A mentira mata o amor.
Em certa medida, aquele seguidor experimentou o mesmo que o personagem de Dostoiévski.
E é um risco que ronda a cada um de nós.
Dostoiévski, porém, pôde expressar esse drama melhor do que qualquer um de nós.
A mentira mata mesmo o amor.

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